Tritão é uma lua geologicamente ativa, o que originou uma superfície complexa e recente.
A área total da superfície corresponde a 15,5% da área emersa do planeta Terra, ou 4,5% da área total. A dimensão de Tritão sugere que deverão existir regiões de densidades diferentes, variando entre 2,07 a 2,3 gramas por centímetro cúbico.
Apesar de existirem várias diferenças entre Tritão e os demais satélites gelados do sistema solar, o terreno é semelhante ao de Ariel de Urano, Encelado de Saturno e os três de Júpiter: Io, Europa e Ganímedes. Também lembra Marte, com as suas calotas polares.
O efeito gravitacional de Tritão na trajetória da Voyager 02 sugere que o manto de gelo deve cobrir um núcleo substancial de rocha e com probabilidade de conter metal. O núcleo corresponde a dois terços da massa total de Tritão (65% a 75%), o que é mais do que qualquer outro satélite do sistema solar, com excepção de Io e Europa. A diferenciação pode ter sido eficiente devido ao efeito gravitacional de Netuno durante a captura de Tritão.
Tritão tem uma densidade média de 2,05 g/cm³, e é composto por cerca de 25% de gelo de água, essencialmente localizado no manto.
Imagens obtidas pela Voyager 2 de Tritão.
Atmosfera de Tritão
O limbo de Tritão mostra uma atmosfera inexpressiva. Os pontos negros na superfície são chamados de maculae.
Tritão possui uma atmosfera tênue composta por azoto (99,9%) com pequenas quantidades de metano (0,01%). A pressão atmosférica é de apenas 14 microbars, cerca de 1/70000 da pressão atmosférica terrestre.
A sonda Voyager 02 conseguiu observar uma camada fina de nuvens numa imagem que tirou do limbo deste satélite. Estas nuvens formam-se nos polos e são compostas por gelo de azoto; existe também nevoeiro fotoquímico até uma altura de 30 km que poderia ser composto por hidrocarbonetos, semelhante ao que foi encontrado em Titã, mas no entanto nenhum destes hidrocarbonetos foi detectado pela sonda. Pensa-se que os hidrocarbonetos contribuem para o aspecto cor-de-rosa da superfície.
A temperatura à superfície é de cerca de -235 graus Celsius, ainda mais baixa que a temperatura média de Plutão (cerca de -229 °C), logo é a mais baixa temperatura jamais medida no sistema solar. A 800 km da superfície, a temperatura sobe para -180 °C.
Estações de Tritão
Tritão apresenta um ciclo de estações amenas e extremas.
O eixo de rotação de Tritão é atípico, inclinado 157° em relação ao eixo de Netuno, e 130° em respeito à órbita deste, expondo um polo ao Sol de cada vez, semelhante ao planeta Urano. Como Netuno orbita o Sol, as regiões polares de Tritão trocam de posição num intervalo de 82 anos, o que provavelmente resulta em mudanças de estações do ano radicais cada vez que um polo se move para a luz do Sol. Dada a sua órbita e inclinação axial, Tritão apresenta um ciclo de estações amenas e extremas. As estações mais extremas ocorrem em intervalos de cerca de 700 anos, e o próximo grande Verão em Tritão se iniciou no ano de 2007.
A mudança do estado sólido para o estado gasoso e de volta ao estado sólido da capa polar produz uma variação súbita da atmosfera. Observações mais recentes à atmosfera de Tritão, a partir de ocultação de estrelas, mostraram que, de 1989 para 1998, a pressão atmosférica em Tritão tinha dobrado. A maioria dos modelos predizem que os gelos voláteis evaporam e ampliam a pressão da atmosfera. No entanto, outros modelos preveem que o gelo volátil que se encontra no pólo sul possa migrar para o equador e, assim, não desaparecem para a atmosfera, mas mudam de localização, deixando assim dúvidas do que poderá causar o aumento de pressão sazonal.
Superfície de Tritão
Existem áreas que têm exposições rochosas, e são áreas escorregadias, devido às substâncias geladas, nomeadamente o metano gelado que cobre parte da superfície.
A superfície é composta principalmente por gelo de azoto, mas também gelo seco (dióxido de carbono gelado), gelo de água, gelo de monóxido de carbono e metano. Tritão é muito brilhante, refletindo 60 a 95 por cento da luz solar que incide sobre a superfície; a Lua da Terra, em comparação, reflete apenas 11 por cento.
O terreno casca-de-meloa visto a 130000 km de distância pela Voyager 2.
Tano Sulci é uma das longas falhas que percorrem a estranha região de Bubembe em Tritão, uma região também conhecida por terreno casca-de-meloa, por causa do seu aspecto de casca de melão, uma das regiões mais estranhas do sistema solar. Desconhece-se a origem deste terreno, mas pode ter sido causado pela subida e queda de gelo de azoto, pelo colapso e inundação causados por criovulcanismo. Apesar de ser um terreno com poucas crateras, acredita-se que poderá ser a superfície mais antiga em Tritão. Este terreno possivelmente cobre a maioria do hemisfério Norte.
Estes terrenos casca-de-meloa são únicos e só existem em Tritão; compreendem depressões com 30 a 50 km de diâmetro, provavelmente não relacionadas com impacto de meteoritos por serem demasiado regulares, com espaçamento regular e separadas por escarpas curvadas. Estes cumes poderão ter origem em erupções de gelo viscoso por entre as fraturas em anel, e podem ter até 01 km de altura.
As poucas crateras que existem em Tritão revelam uma atividade geológica intensa.
Na região equatorial longas falhas com cordilheiras paralelas de gelo expelido do interior cortam terrenos complexos com vales imperfeitos. Yasu Sulci, Ho Sulci e Lo Sulci são alguns destes sistemas conhecidos como sulcos. A leste destes sulcos encontram-se as planícies Ryugu e Cipagu e o planalto Cipango.
As zonas planas de Sipagu Planitia e Abatus Planum no hemisfério sul encontram-se rodeadas por pontos negros denominadas de "maculae". Dois grupos de maculae, Acupara Maculae e Zin Maculae destacam-se a leste do Abatus Planum. Estas marcas parecem ser depósitos na superfície deixados por gelos que evaporaram, mas não se sabe ao certo do que serão compostos e a sua origem.
Perto de Sipagu e Abatus Planum encontra-se ainda uma grande cratera nova, com 27 km de diâmetro, chamada Mozamba. Seguindo para noroeste, outras duas crateras mais pequenas (Kurma e Llomba) seguem a cratera Mozamba quase em linha reta. A maioria dos poços e terreno agreste são causados por derretimento e colapso de gelo, ao contrário do que acontece em outros satélites, onde as crateras de impacto dominam a superfície. No entanto, a Voyager fotografou uma cratera de impacto com 500 km de diâmetro, que foi extensivamente modificada por inundações repetidas, derretimento, falhas e colapsos.
Polo Sul de Tritão
Polo Sul iluminado de Tritão.
A região do polo sul de Tritão é coberta por uma capa de azoto e metano gelados, onde possivelmente esse metano evapora lentamente salpicado por crateras de impacto e aberturas de gêiseres. A capa gelada é altamente refletora, porque absorve pouca energia solar. Durante o encontro com a Voyager 2, o polo sul de Tritão estava virado para o Sol, o que acontece desde que Tritão foi descoberto.
Desconhece-se como será o polo norte já que este se encontrava na penumbra quando a Voyager 2 visitou Tritão em 1989. No entanto, pensa-se que, tal como o polo Sul, deverá ter uma calota polar.
Criovulcanismo de Tritão
Vulcões gelados.
Um criovulcão expele de nitrogênio líquido, metano e amônia do interior de Tritão onde ao ser expelido congela instantaneamente na subida de 8 km na fina atmosfera, onde e varrida pelos ventos desta e precipita-se na superfície em forma de neve.
Surpreendentemente, Tritão é geologicamente ativo; a sua superfície é recente e com poucas crateras. Existem vales e cristas num padrão complexo por toda a superfície, provavelmente resultantes dos ciclos do congelamento e aquecimento e dos vulcões. A sonda Voyager 2 observou vulcões gelados (as Plume) que cuspiam verticalmente azoto líquido, pó ou compostos de metano, proveniente de baixo da superfície, em plumas que atingiam 08 km de altura. Provavelmente, esta atividade vulcânica é devida ao aquecimento sazonal causado pelo Sol, e não como o aquecimento por marés dos vulcões registados em Io.
Hili e Mahilani são os criovulcões de tritão observados, ambos com nomes de espíritos da água de mitologias africanas. Tritão é assim com a Terra, Io,Vênus, Encelados e Titã entre outros, parte dos mundos do sistema solar a possuir atividade vulcânica no momento presente. Com a sua atividade geológica o maior satélite de Netuno aquece sob sua superfície glacial, lençóis de água líquida.
Vida em Tritão
Tritão poderia possui formas de vida primitiva nos mares de água líquida situados debaixo da superfície.
Azoto e metano, são os mesmos compostos que existem em Titã. O azoto é também o composto principal da atmosfera terrestre, e o metano na Terra está normalmente associado à vida, sendo um produto secundário da atividade desta. Mas tal como Titã, Tritão é extremamente frio, se não fosse esse o caso, estes dois componentes da atmosfera seriam sinais de vida como a conhecemos.
Devido à atividade geológica e ao aquecimento interno, ideias tem surgido de que Tritão poderia possui formas de vida primitiva nos mares de água líquida salgada, situados debaixo da superfície, muito semelhante ao que tem sido sugerido para Europa. Tritão e Titã são assim mundos que apesar de fisicamente extremos são capazes de suportar várias formas exóticas de vida desconhecidas na Terra. Outras ideias científicas, afirmam que a vida na Terra é baseada em carbono, mas em Tritão esta poderá ser baseada em compostos de silicatos.
Dados gerais de Tritão.
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