Tradutor

terça-feira, 4 de setembro de 2018

O Bode Expiatório Judaico... Tomo I Mundo Antigo

Os Bodes da Expiação

 O bode levaria todas as iniquidades e transgressões do povo.


Nos escritos antigos da tradição hebraica e na Torá, se comenta que ritualmente eram lançadas sortes sobre os dois bodes, um como graça por Jave e a outra pelo bode emissário (Lv. 16.8). Conforme a sorte, um dos bodes era oferecido a Javé em expiação pelos pecados, e o outro era solto no deserto.
Após o lançamento de sortes, o bode emissário recebia, pela mão do sacerdote, os pecados do povo e era afastado para longe, enquanto o outro bode era imolado, fazendo assim a expiação pelo povo.
Quanto ao bode que era solto no deserto, como a passagem no hebraico refere-se a “azazel”, alguns supõem que ele representa um espírito, um demônio ou o próprio Satanás. 

A tradição da cabala judaica diz que Israel era salvo das astúcias do Diabo quando este bode lhe era enviado. O bode levaria todas as iniquidades e transgressões do povo. Parte da erudição evangélica moderna tem favorecido essas interpretações, não obstante Levítico 17.7 parecer excluir a ideia de que o bode servia como um sacrifício ‘oferecido a azazel’.

Voltando ao sentido que realmente quero expor, e muito comum em diversos povos o dito popular, baseado no credo religioso, de que na prática o bode expiatório é aquele que estava inocente entre infratores e acaba por levar a culpa pelos pecados alheios.

Na vida real os grupos humanos tem um incrível dom de culpar suas mazelas a povos incapazes de dispor no momento de meios de se defender.

O ato de criar um "culpado" para justificar administrações fracassadas, desvios de conduta e principalmente de recursos foi e ainda é de praxi
entre as elites dominantes em nosso obre.

Já se culpou os Índios, latinos, negros, pobres, homossexuais...ativos em evidencia em nossas memorias, mas nenhum povo, dentro dos registros históricos
se encontra em tão veemente evidencia e da culpabilidade por tudo desde conspirações até o domínio financeiro global do que o Povo Judeu.

Aqui vamos expor um resumo histórico breve desde o final dos reinos de Israel e Judá, da diáspora ate a fundacional do Estado do Israel moderno.

Boa Leitura.


No Mundo Antigo

A escravidão dos hebreus no Egito.


As primeiras ocorrências de anti-semitismo ainda são motivos de discussões entre os estudiosos. Diversos escritores se utilizam de definições diferentes de anti-semitismo. Os termos "antissemitismo religioso" e "antijudaísmo" foram utilizados para se referir à animosidade direcionada contra o judaísmo como religião, em vez de dirigida contra os judeus como povo ou grupo étnico.

Teologicamente, o xenofobismo e a culpabilidade dos males de uma nação que abrigava Hebreus
( denominação no mundo antigo dos antepassados dos atuais judeus) fora narrada na epopeia de Moisés no império Egípcio. Temos bem evidente nas pragas dos 10 mandamentos como consequência de ter o povo hebraico como cativo. Teoricamente ente ideal de mazelas teria adentrado no cerne dos conquistadores mas não como causa da opressão dos hebreus mas estes como os causadores das consequências nefastas periódicas pelos quais os governos passavam. Isso se fixou no ideário dos dominantes políticos e grupos religiosos de tal forma que passados 03 mil anos ainda são usados como bucha de canhão os judeus para aliviar as tensões sociais violentas contra os detentores do poder.

O anti-semitismo teria sido difundido pela primeira vez pelos gregos, ao espalharem os preconceitos dos egípcios, que já eram evidenciados pelos escritos antijudaicos do sacerdote Mâneton. Já na Antiguidade registrou-se a hostilidade comumente encontrada pelos judeus na diáspora, e o filósofo judo-helênico Fílon descreveu em sua obra Flaco um ataque aos judeus de sua cidade, Alexandria, em 38, no qual milhares de judeus foram mortos, possivelmente instigado pelas descrições dos judeus como misantropos( que desprezariam a humanidade fora do seu grupo étnico religioso). Esta animosidade específica contra os judeus, no entanto, deve ser diferenciada do preconceito que os gregos já mantinham contra os grupos e povos que eles consideravam 'bárbaros' incivilizados.


Diáspora Judaica




 Diáspora judaica (no hebraico tefutzah, "dispersado", ou גלות galut "exílio").


A primeira Diáspora (galut bavel)
De acordo com a Torá, a diáspora é fruto da idolatria e rebeldia do povo de Israel e Judá para Deus, o que fez com que este os tirasse da terra que lhes prometera e os espalhasse pelo mundo até que o povo de Israel retornasse para a obediência a Deus, onde seriam restaurados como uma nação soberana e senhora do mundo. De acordo com a Moderna História, a diáspora judaica aconteceu pelo confronto do povo judaico com outros povos que desejavam subjugar sua cultura e dominar o seu território.

No Mundo Babilônico
Geralmente se atribui o início da primeira diáspora judaica ao ano de 586 a.C., quando Nabucodonosor II — imperador babilônico — invadiu o Reino de Judá, destruindo a Jerusalém e o Templo, e deportando os judeus para a Mesopotâmia. Mas esta dispersão se inicia antes, em 722 a.C., quando o reino de Israel ao norte é destruído pelos assírios, e as dez tribos de Israel são levadas como cativas à Assíria; Judá passa a pagar altos impostos para evitar a invasão, o que não será possível negociar com Nabucodonosor II.

Diáspora na Babilônica
Cerca de quarenta mil judeus foram deportados para a Babilônia.

Com a conquista de Judá, cerca de quarenta mil judeus foram deportados para a Babilônia, onde floresceram como comunidade e mantiveram suas práticas e costumes religiosos, associados a outros costumes herdados dos babilônios. A assimilação fez com que o hebraico perdesse sua importância em função do aramaico, que se tornou a língua comum. Com a queda do poder babilônico e a ascensão do xá aquemênida Ciro II, este permitiu que algumas comunidades judaicas retornassem para a Judeia, mas a grande maioria da população judaica preferiria permanecer em Babilônia, onde tinham uma sociedade constituída, do que retornar às vicissitudes da reconstrução de um país.

No Mundo Grego
Alguns dos primeiros exemplos de sentimentos antijudaicos remontam à Alexandria do século III a.C.  Hecateu de Abdera, historiador grego, referindo-se aos Hebreus escreveu que Moisés, "em memória do exílio de seu povo, lhes instituiu um estilo de vida misantrópico e inospitaleiro." Segundo Mâneton, sacerdote e historiador egípcio, os judeus seriam leprosos egípcios que haviam sido expulsos, e que haviam sido instruídos por Moisés a "não adorar os deuses". Os mesmos temas aparecem nas obras de Querêmon, Lisímaco, Possidônio, Apolônio Mólon, e até mesmo em Apião e Tácito.


Ptolomeu Lago e seu exército Egípcio.

Agatárquides de Cnido escreveu sobre as "práticas ridículas" dos judeus e do "absurdo de sua Lei", fazendo uma referência  de zombaria a como Ptolomeu Lago pôde invadir Jerusalém em 320 a.C. porque seus habitantes estariam observado o sabá.


Com o domínio romano sobre a Judeia, a maior parte dos judeus que viviam na Judeia retornou para Babilônia, que se tornou o maior centro comunitário judaico no mundo até o século XI. Ao vencerem os partas em 226, os persas novamente conquistam a Babilônia, mas os judeus permanecem com uma relativa autonomia sob a liderança do exilarca ou Resh Galuta (Príncipe do Exílio), descendente de Davi. No século IV é compilado o Talmude Babilônico, e tem início a crise caraíta.

A comunidade judaica na Babilônia perdurou solidamente através da história, influenciando o judaísmo mundial também na segunda diáspora, e só deixará de existir com a emigração dos judeus do Iraque no século XX.


Os macabeus fundaram a dinastia dos Asmoneus, que governou de 164 a 37 a.C., reimpuseram a religião judaica, expandiram as fronteiras de Israel e reduziram no país a influência da cultura helenística.

No Mundo Romano



Já se estimou que os judeus correspondiam a cerca de 10% da população total do império; a partir desta cifra, calculou-se que se fatores como os pogrons e as conversões não tivessem ocorrido, existiriam 200 milhões de judeus no mundo atualmente, no lugar dos atuais 14 milhões.

Quando o reino judaico foi absorvido pelo Império Romano, as relações entre o povo judeu e os soberanos romanos passaram a ser cada vez mais problemáticas, e eventos como as guerras travadas na Judeia ajudaram a gerar uma visão cada vez mais negativa dos judeus, tanto entre os imperadores como entre o próprio público romano.

As relações entre os judeus e o Império Romano, que ocupava sua terra, foram inicialmente antagonísticas, e resultaram em diversas rebeliões e revoltas. De acordo com Suetônio, o imperador Tibério expulsou de Roma os judeus que haviam emigrado para a cidade.

Em 19 DC o imperador expulsou de Roma os judeus estabelecidos na cidade. Suetônio conta que Tibério "suprimiu todas as religiões estrangeiras… Distribuiu os jovens judeus, sob o pretexto de servirem ao exército, por todas as províncias notórias pelo seus climas pouco saudáveis; e expulsou da cidade o resto dos integrantes daquela nação, bem como aqueles que eram prosélitos, sob pena de escravidão vitalícia, se se recusassem a obedecer as ordens."


Flávio Josefo, ou Flavius Josephus (37 ou 38 –. 100 ou 103 DC) foi um historiador judeu do século I, com ascendência sacerdotal e real.

Flávio Josefo, historiador judeu romanizado, em suas Antiguidades Judaicas, também nota que Tibério "ordenou que todos os judeus fossem banidos de Roma", levando "quatro mil homens consigo, que enviou à ilha da Sardenha; e puniu um grande número deles, que haviam se recusado a tornar-se soldados sob o pretexto de seguir as leis de seus antepassados. Assim os judeus foram expulsos da cidade …" Dião Cássio também escreveu, sobre Tibério: "À medida que os judeus começaram a migrar para Roma em grandes números, e converteram muitos dos nativos aos seus costumes, ele baniu a maior parte deles."

Foram feitas algumas tentativas de compreensão da animosidade de Tibério em relação aos judeus; sem entrar em maiores detalhes, Fílon de Alexandria relata que o liberto Sejano, homem de confiança de Tibério, era um dos principais inimigos dos judeus. Como esta passagem foi escrita depois da morte de Tibério, e Fílon não teve qualquer pudor em criticar postumamente o sucessor de Tibério, Calígula, fica ainda mais evidente o papel que Sejano pode ter tido nestas perseguições.


Guerras judaico-romanas
Termo genérico que designa a série de revoltas movidas pelos judeus contra a dominação pelo Império Romano. Foram três guerras, mas alguns historiadores consideram que houve apenas duas, descartando a "Guerra de Kitos".

 Primeira guerra judaico-romana




Também chamada de "Grande Revolta Judaica", iniciada em 66 d.C., na província romana da Judeia, e oficialmente encerrada em 70 d.C., embora a luta tenha se prolongado até 73 d.C., com a tomada da fortaleza de Massada. Morreram mais de um milhão de judeus e o Templo de Jerusalém foi destruído, restando apenas o Muro das Lamentações.

A Segunda Diáspora


O Muro das Lamentações.

A segunda diáspora aconteceu muitos anos depois, em 70 d.C. A chamada grande revolta,  iniciada em 66 d.C, acabou com os romanos destruindo Jerusalém,e oficialmente encerrada em 70 d.C sufocada pelas tropas do comandante romano (e futuro imperador), Vespasiano, secundado por seu filho, Tito.  Na pratica a luta se prolongou até 73 d, acarretando isso uma nova diáspora, após a tomada da fortaleza de Massada. No conflito morreram mais de um milhão de judeus e o Templo de Jerusalém foi destruído, restando apenas o Muro das Lamentações. Os sobreviventes fugiram para outros países da Ásia Menor, África ou sul da Europa.

Segunda guerra judaico-romana
Guerra de Kitos

Também chamada de "Guerra de Kitos", ocorreu entre os anos 115 e 117, no governo do imperador Trajano. Consistiu em uma revolta das comunidades judaicas da Diáspora (judeus que viviam fora da Judeia), disseminando-se, principalmente, por Cirene (Cirenaica), Chipre, Mesopotâmia e Egito. Foi sufocada pelo comandante romano Lúzio Quieto.

Terceira guerra judaico-romana
A Terceira Guerra Judaico-Romana e Bar Kokhba.

Também chamada de "Revolta de Barcoquebas", ocorreu entre os anos de 132 e 135, durante o governo do imperador Adriano, sendo liderada por Simão Barcoquebas, que alguns consideraram ser o Messias davídico esperado pelos judeus. Foi sufocada pelas tropas do comandante romano Sexto Júlio Severo. Para os historiadores que não consideram a "Guerra de Kitos" como uma das guerras judaico-romanos, esta seria a segunda guerra entre romanos e judeus.

Durante a Revolta de Barcoquebas,os soldados romanos assassinaram muitos judeus. Alguns autores argumentaram que a política romana prefigurou o anti-semitismo europeu, citando como exemplo o fato de que Roma recusou-se a conceder permissão para que o Templo de Jerusalém fosse reconstruído, após sua destruição em 70, ocorrido durante a repressão de uma das muitas revoltas judaicas, além das taxas que foram impostas ostensivamente aos judeus no mesmo período, para financiar a construção do templo de Júpiter Capitolino e da alteração do nome da Judeia para a Síria Palestina.

Após os levantes judeus de 70, 117 e 135 d.C., todos sufocados pelos romanos da maneira mais brutal possível, tentou-se pelos romanos eliminar o nome da pátria judaica, mudando o de Jerusalém para "Aélia Capitolina" e transformando a Judeia em "Palestina Síria", para que não houvesse mais lembrança dos judeus. Por volta de 160 d.C., Justino, o Mártir, condenou os judeus como "filhos de meretrizes".

O historiador inglês do século XVIII, Edward Gibbon identificou um período mais tolerante, que se iniciou ao redor de 160 trocando o foco da perseguição de um bode expiatório para um grupo dissidente judaico que crescia em numero e influencia...os cristãos.

Como exemplo disso temos que Roma suprimiu revoltas em todos os territórios que conquistou, que a expulsão decretada por Tibério foi de "todas as religiões estrangeiras", e que Roma não teve como alvo único os judeus. Não só os judeus não foram eliminados pelos romanos, como judeus na diáspora recomeçariam a receber privilégios dentro do império em detrimento ao cristãos do mesmo período, por exemplo, tinham o direito de manter seus costumes e sua religião, em vez de serem obrigados a se acomodar aos costumes e religião ditados pelas cidades nas quais residiam. Existem exemplos de algumas cidades enviando petições recusadas pelo imperador, solicitando que os privilégios judaicos fossem rescindidos; embora Adriano tenha banido a circuncisão juntamente com a castração, considerando-as como formas de mutilação aplicadas normalmente a um indivíduo sem o seu consentimento. Após protestos, os judeus acabaram por ser isentos desta lei.

No Cristianismo Arcaico
Primeiros símbolos cristãos se identificavam com a vida e morte de Cristo


Embora a maior parte do Novo Testamento tenha sido escrito por judeus genuínos que se tornaram seguidores de Jesus, existem diversas passagens do livro que foram interpretadas ( possivelmente "adaptadas" pela nova teologia da igreja já religião oficial do império) como antissemitas.


Jesus  com um grupo de fariseus.


Vários diálogos foram utilizadas para propósitos antissemitas como:

            Jesus diz, ao falar com um grupo de fariseus: "Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós. Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai. Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fósseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão. (…) Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira. Mas, porque vos digo a verdade, não me credes. Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes? Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais, porque não sois de Deus." (João 8:37-39, João 44:47)

Estevão, ao falar diante do conselho de uma sinagoga, pouco antes de sua execução: "Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas; Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes." (Atos 7:51-53)
"Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não são, mas mentem: eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo." (Apocalipse 3:9).

Alguns acadêmicos afirmam que versos como estes refletem as tensões judaico-cristãs que estavam surgindo no final do século I e início do II, que se originaram no período posterior à morte de Jesus. Atualmente praticamente todas as denominações cristãs retiram a ênfase em versos como estes ou interpretam-no de maneiras que rejeitem o uso que lhes foi feito por antissemitas.

Principais Atos Cristãos contras os Judeus no Império Romano:

Entre 88 – 97d.c o papa S. Clemente responsabilizou os judeus pela persecução de Nero aos cristãos, isso começaria a incitar ódio aos assassinos de cristo.

No Ano de 200 d.c quando o imperador Severo criou leis impedindo que pagãos, sob pena de severa punição, abraçassem o Judaísmo, o bispo de Alexandria, Orígenes, escreveu: “Podemos então asseverar com absoluta certeza que os judeus não retornarão à sua situação anterior, pois têm cometido os mais abomináveis crimes, formando a conspiração contra o Salvador da raça humana … Por isso, a cidade em que Jesus sofreu foi necessariamente destruída, a nação judaica expulsa do seu país e um outro povo (quer dizer a Igreja) foi chamado por Deus para ser a eleição abençoada.


Orígenes de Alexandria, 185-254 d.C

Tertuliano escreveu o primeiro manifesto cristão sistemático contra os judeus. Ele também já tinha passado a considerar a Igreja como sendo o verdadeiro e eterno Israel. Depois disso foram publicados muitos outros panfletos anti-judeus por Pais da Igreja. Cipriano, 50 anos depois, também um dos Pais da Igreja cristã, escreveu: "O diabo é o pai dos judeus". Mais tarde, essa acusação passou a ser encontrada constantemente no anti-judaísmo cristão.

Nos anos 300 d.c, Eusébio, bispo de Cesareia, declarou que os judeus em cada comunidade crucificaram um cristão no seu festival de Purim como rejeição de Jesus. Usava a acusação de assassínio ritual feita pelos pagãos Demócrito e Apião, a qual os romanos fizeram antes contra os primeiros cristãos. Eusébio distinguiu entre hebreus que eram boas pessoas no Antigo Testamento e judeus que caracterizou com maus.
O Sínodo Eclesial e Elvira (Espanha ) no ano de 306 baniu todos os contatos comunitários entre cristãos e os maus hebreus e estabeleceu que cristãos não podiam casar com judeus.


Primeiro Concílio Ecumênico. NICEIA (325).

 Em 325 d.c, no Concílio de Niceia – pela primeira vez em um concílio –, não foram convidados bispos judeus-cristãos. A festa da Páscoa foi transferida para o domingo após pessach (a páscoa judaica) com a justificativa: "Seria o cúmulo da falta de reverência seguirmos as tradições dos judeus nesta maior de todas as festas. Não devemos ter nada em comum com esse povo abominável".

Quando Constantino chegou a ser imperador, declarou-se cristão e estimulou os seus súditos a se converterem à Cristandade. Restabeleceu as leis dos seus antecessores que proibiam aos judeus viverem em Jerusalém e se engajarem em qualquer atividade de fazer prosélitos.

O Concílio Eclesial de Niceia, convocado por Constantino, para assentar uma controversa teológica referente à natureza de Cristo, continuou os esforços de separar a Cristandade do Judaísmo decidindo que a Páscoa não pudesse mais ser determinado pela páscoa dos hebreus: "...Porque é demasiadamente imprópria que nestes mais santos festivais sigamos os costumes dos judeus. De ora em diante, não tenhamos mais nada em comum com esse odioso povo…"

Constantino.

O imperador Constantino em 337 d.c declarou: Deixem a minha vontade ser religião e lei da Igreja! Um dos seus primeiros atos era proibir sob punição de morte o casamento entre um judeu e uma mulher cristã.


Hilário de Poitiers foi um bispo na cidade romana de Pictávio, atual Poitiers, na Gália, e é um dos Doutores da Igreja. Muitas vezes chamado de "Martelo dos Arianos" pela perseguição a estes.

Entre os anos de 367 e 376 S. Hilário de Poitiers escreveu e falou de judeus como gente perversa para sempre maldito por Deus. S. Efrem se refere nos seus hinos a sinagogas como prostíbulos.

Após 378 d.c ocorreu um alento pois o imperador Teodósio protegeu os judeus das persecuções da Igreja aos heréticos. Crisóstomo, Gregório de Nissa e Ambrósio de Milão, todos  considerados santo – quiseram incluir judeus na perseguição.


João Crisóstomo.

Outro dos pais da Igreja, João Crisóstomo, a partir de Antioquia (Síria) em 387 d.c disse, por exemplo, que a sinagoga era "lugar de blasfêmia, asilo do diabo e castelo de Satanás".
Os judeus são os mais desvalidos de todos… São os pérfidos assassinos de Cristo. Veneram o diabo, sua religião é uma doença…".  Para São Ambrósio, o fator das sinagogas era herético, ele repreendeu o imperador romano por reconstruir uma sinagoga destruída pelos populares, e ainda propôs que ele mesmo a queimasse, para não deixar duvidas de sua fé!.


São Gregório de Nissa I.

 Gregório de Nissa caracterizou judeus como assassinos de profetas, companheiros do diabo, raça de víboras, sinédrio de demônios, inimigos de tudo que é belo, porcos e cabras na sua lasciva grosseria. O Concílio Eclesial de Laodiceia proibiu que cristãos respeitassem o Sábado Judaico


Nos Dois Impérios Romanos
As Duas Romas

Império Romano fora dividido definitivamente  após a morte do imperador Teodósio em 395. A unidade politica do Império é definitivamente quebrada com a divisão feita pelos seus dois filhos: Arcádio (Augusto desde 383), o mais velho, obteve o Oriente com sede em Constantinopla; Honório (Augusto desde 393), recebeu o Ocidente com sede em Milão ou Ravena. Divididos territoriamente mas unidos pela fé, e pelo ataque as minorias dissidentes e é claro, aos judeus.

Aparte grega era um pouco mais tolerante aos judeus que convergiam em grupos para seus territórios. Entre 395 e 408 d.c o imperador bizantino Arcádio resistiu ao fanatismo cristão, não permitindo a destruição de sinagogas. Já no lado do ocidente, o Imperador Teodósio II. proibiu que os judeus construíssem novas sinagogas, e outro “santo” o Epifânio caracterizou os judeus como desonestos e indolentes, visão mantida até os dias atuais.

Agostinho de Hipona, conhecido universalmente como Santo Agostinho.

Com o império romano do ocidente desmoronando em 415, o bispo Agostinho de Hipona escreveu que os judeus carregam eternamente a culpa pela morte de Jesus. Em decorrência, o monge Barzauma instigou uma perseguição aos judeus em Israel, quando inúmeras sinagogas foram destruídas. Cirilo, o bispo de Alexandria, incitou o populacho contra os judeus e os tinha expulsado. O bispo Severo queimou uma sinagoga e incitou gente a agredirem e apoquentarem judeus nas ruas. Muitos judeus converteram-se ao Cristianismo por medo. S. Agostinho, bispo de Hipo: O verdadeiro judeu é Judas Iscariotes, que vende o Senhor por prata. O judeu nunca pode entender as Escrituras e para sempre vai carregar a culpa pela morte de Jesus.


O sudeste da velha cidade de Palma de Maiorca - Mapa dos Judeus de Call Menor -bairro judeu medieval da cidade.

O bispo Severo de Maiorca em 418 d.c forçou judeus a se converterem. Violenta luta de rua irrompeu com um populacho incitado pelo bispo. A sinagoga foi queimada. Finalmente, os líderes da comunidade judaica se renderam e 540 judeus foram convertidos. 




São Jerônimo.

S. Jerônimo, que estudara com cientistas judaicos na Palestina e traduziu a Bíblia ao latim (a Vulgata), escreveu sobre a sinagoga: Se a chamares um prostíbulo, um covil e vício, um lugar de depravar a alma, um abismo de qualquer desastre concebível ou qualquer coisa que quiser, estará ainda dizendo menos do que merece.
As ruínas em Antioquia da Pisídia. Região da atual Turquia onde Existia a Sinagoga que o apostolo Paulo fora discursar para os Judeus e gentios.


Entre 489 e 519 d.c outros eventos de ataques a grupos judaicos se intensificavam como o de um populacho cristão que pôs fogo nas sinagogas de Antioquia e jogou os corpos de chacinados judeus no fogo. Outro grupo cristão agrediu e destruiu a sinagoga de Dafne perto de Antioquia. A congregação inteira foi chacinada. E por boatos de praticas demoníacas a população cristã de Ravena agrediu judeus e queimou a sinagoga.
Guildas

Em 538 d.c foi vetada a entrada de judeus nas guildas (associações de mutualidade formada na Idade Média entre as corporações de operários, negociantes ou artistas), restando à maioria deles apenas a opção do comércio. Fora proibido ter criados ou escravos cristãos, o que os efetivamente excluía da agricultura. O Terceiro e o Quarto Concílios de Orleans proibiram aos judeus aparecerem em público durante os períodos da Paixão e Páscoa.


Mosaico onde se pode observar o imperador Justiniano com o bispo Maximiano, governador de Ravena, a par com a sua guarda pessoal e membros da corte.

Sob o imperador Justiniano, em 528 d.c a Lei Romana foi sistematizada e codificada como Corpus Iuris Civilis, também conhecido como o Código Justiniano. A Lei e doutrina Eclesiais chegaram a ser política de estado. Aos judeus não era permitido testemunhar contra cristãos. Não podiam celebrar Pessah antes da Páscoa e não lhes era permitido senão uma versão prescrita da Escritura nas suas sinagogas, e lhes era proibido usar orações consideradas anti-trinitárias.
As limitações de incorporações sociais por parte dos judeus se intensificava através do Sínodo Eclesial de Clermont em 535 d.c se decretou que judeus não pudessem ocupar cargos públicos ou ter autoridade sobre cristãos.


De Oran de Sisebuto (?-621), rei visigodo.

O bispo Avito de Averna em 554 d.c tentou converter judeus sem resultado. Então incitou o povo a destruir as sinagogas. Os judeus tiveram de escolher entre batismo e expulsão. Um judeu se converteu. Durante a procissão depois do seu batismo, um judeu o borrifou com óleo rançoso. Isso enfureceu o populacho e muitos judeus foram mortos. 500 judeus permitiram ser batizados. Os restantes fugiram para Marselha na Franca. Mas em 561 o bispo de Uzes forçou os judeus na sua diocese a decidirem entre batismo e expulsão.
Na Espanha se apertava o cerco e em 589 d.c o rei espanhol Sisebuto restringiu severamente os direitos dos judeus no seu reino. Estes não tinham permissão de possuir ou cultivar terra ou de operar em determinados negócios. Mais tarde editou um ultimato a todos os judeus: converter-se ou ser exilados. Espanha e Franca estavam se tornando portos não seguros as famílias judaicas.


Ruinas de Éfeso
.
As ondas de violências faziam os grupos judaicos migrarem constantemente para manter suas vidas, no império romano do Oriente João de Éfeso transformou sete sinagogas em igrejas. Enquanto sob o rei merovíngio Chilperico, todos os judeus no seu reino tinham de escolher entre a conversão ou ter os seus olhos arrancados.

A primeira revolta judaica contra o Império Bizantino e contra Heráclio, foi uma forma de aproveitamento de ocasião que quase deu certo. O golpe foi uma insurreição articulada contra o Império Bizantino por toda a região do da asia menor e parte do Oriente Médio. Os judeus á fizeram em apoio ao Império Sassânida e suas promessas de um estado federado Judeu ao seu Império. O apoio ocorreu durante a Guerra bizantino-sassânida de 602-628. A revolta começou com a Batalha de Antioquia em 613, culminando com a conquista de Jerusalém em 614 pelas forças persas e judaicas e o estabelecimento da autonomia judaica. A revolta terminou com a retirada das tropas persas e a posterior rendição dos rebeldes judeus aos bizantinos em 625 (ou 628).
 imperador Heráclio

 Após a retirada persa e a derrota dos rebeldes o imperador Heráclio ordenou e forçou a conversão de todos os judeus no seu império e renovou os códigos de Adriano e Constantino que barravam os judeus de Jerusalém. Centenas foram torturados e mortos, mesmos os grupos que não participaram da sublevação.  Dagoberto, o rei merovíngio, seguiu o exemplo e Heráclio, forçando os judeus no seu reino sob ameaça de morte a se converterem à Cristandade.


Guerra Bizantino - Sassânida

Os Judeus da Espanha pré-islâmica.


Judeus do norte da África (sefarditas)

.Os judeus do norte da África (sefardins) migram após a segunda diáspora para a península Ibérica. Em 613 foi dado um ultimato a todos os judeus da Espanha: batismo ou desterro,

O Terceiro Concílio de Toledo decidiu contra conversões compulsórias. Contudo, judeus que no passado foram convertidos à força não podiam voltar ao Judaísmo, tendo de separar-se das comunidades judaicas. Crianças judaicas foram tiradas dos seus parentes e criadas em mosteiros. Nem a judeus, nem a convertidos à Cristandade era permitido ocupar cargos públicos. O Concílio era presidido por Isidoro, bispo de Hispalis (Sevilha).

Em 638 d.c o Quarto Concílio de Toledo decretou que crianças judaicas batizadas como cristãs não sejam evolvidas aos seus pais de sangue. Convertidos tinham de ser rigorosamente supervisionados pelas autoridades eclesiais. Judeus tinham de jurar que teriam abandonado a Lei e prática judaicas. Punições estendiam-se de açoites, perda de membros, confisco de propriedade a ser queimado na estaca. Os bispos de Sevilha e de Toledo, Isidoro e Juliano, escreveram documentos polêmicos contra os judeus.

Entre 638 e 642 d.c os não católicos foram expulsos da Espanha visigoda.

Espanha Visigoda.
O Oitavo Concílio de Toledo em 653 d.c  concordou com o rei Recesvindo da Espanha que apareceu perante o Concílio chamando o Judaísmo de uma poluição do seu país e pediu a remoção de todos os infiéis. Os judeus tiveram de assinar um juramento (placitum) que tornou a prática do Judaísmo quase impossível. Violações foram punidas por cremação ou apedrejamento.

Dois anos depois O Nono Concílio de Toledo prescreveu que judeus convertidos passassem todas as festas judaicas e cristãs na presença dum bispo.

O rei Erviges da Espanha proibiu que judeus praticantes entrassem em portos do mar no ano de 681 d.c. e ordenou que todos os judeus fossem batizados. Os convertidos tinham de ouvir sermões cristãos e não tinham permissão observar as leis dietéticas. O Duodécimo Concílio de Toledo confirmou as ordens do rei que decretaram queimar o Talmude e outra literatura judaica.
Consílio de Toledo de 589.

Entre 693 e 694 d.c nos Décimo Sexto e Décimo Sétimo Concílios de Toledo, presidido pelo rei Egiza e o sucessor do bispo Juliano, Félix, restringiram outra vez severamente os direitos dos judeus, acusando-os de minarem a Igreja, de massacre de católicos, de conspiração com mouros e de destruição do país. Judeus foram declarados escravos, sua propriedade foi confiscada e suas crianças forçosamente educadas em famílias católicas ou mosteiros.


Prova do sincretismo Arabe-Judeu esta na Sinagoga de Córdoba, onde Arabescos estão misturados a escrita Hebraica.

 Até 710 d.c houve muita repreensão e assassinatos principalmente na península Ibérica e anatólia, mas algo nestas regiões iria mudar... foram ouvidos os gritos de Allah Akbar e com auge do renascimento científico e cultural entre Judeus e Muçulmanos. Os muçulmanos como decodificadores e inovadores e os judeus  a ponte de intercambio para o mundo cristão, isso por mais de 700 anos. Os Judeus sob o crescente viveriam de forma mais segura, principalmente em na Andaluzia.  Isso por um lado aumentaria o desprezo e desconfiança do cristianismo Papal e Patriarcal europeu. Se inicia o período Islâmico sob mais da metade do antigo Império Romano.

Fontes:
Schweidson-Jacques: Judeus de Bombachas e Chimarrão.

Sirkin-Marie: Livro Golda Meir Golda Meir.1975

Ebbam-Abba: História do Povo de Israel; 1969. um glossário etimológico de nomes da história judaica, por Salomão Serebrenick.

Phillips; Ellen-A Marcha do Islã 600-800-Coleção Historia Em Revista. . Ano: 1992 Editora: Abril Livros-Time Life
Phillips; Ellen-Campanhas Sagradas Ano 1100 a 1200-Coleção Historia Em Revista. . Ano: 1992 Editora: Abril Livros-Time Life 


Fonte : INPR -Texto inglês em A Short Review of a Troubled History, by Fritz B. Voll 
See also: Paul E. Grosser and Edwin G. Halperin, Anti-Semitism: The Causes and Effects of a Prejudice. Secaucus, NJ: Citadel Press, 1979 (1976) / Don Mills, Ontario: George J. McLeod Ltd. and bibliography.

www.morasha.com.br/comunidades-da...1/cordoba-berco-da-idade-de-ouro.html

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Inscripci%C3%B3n_en_hebreo_en_la_Sinagoga_de_C%C3%B3rdoba_(Espa%C3%B1a).jpg

https://www.esbocandoideias.com/2011/09/o-que-significa-bode-expiatorio-na-biblia.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_antissemitismo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Pogrom

http://www.morasha.com.br/comunidades-da-diaspora-1/a-cordoba-judaica.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Idade_de_Ouro_da_cultura_judaica_no_Al-Andalus

https://pt.wikipedia.org/wiki/Maim%C3%B4nides

http://www.morasha.com.br/historia-judaica-na-antiguidade/judeus-durante-a-primeira-cruzada.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guerra_bizantino-sass%C3%A2nida_de_602%E2%80%93628


http://culturahebraica.blogspot.com/2010/06/o-anti-semitismo-historico.html