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terça-feira, 24 de maio de 2022

TOMO LVIII - PALEOZOICO- PERÍODO ORDOVÍCIANO- A VIDA PROSPERA - PARTE 1

 

PERÍODO ORDOVICIANO

 


Posição dos continentes no começo do Ordoviciano

 Passa do meio dia nos mares tropicais do período Ordoviciano, a água e limpa, os raios do sol já não atinge a terra com tanta intensidade como antes e as nuvens de chuva percorrem a atmosfera cristalina e límpida, rica em oxigênio. No fundo do oceano a vida prospera, o numero de espécies quase quadruplicou e os invertebrados dominam a Terra. No período anterior os artrópodes dominaram os mares e mesmo tendo crescido a tamanho nunca visto ainda na história recente do planeta outra classe de animais 0s estão sobrepujando, os moluscos.

Com tentáculos, bicos de papagaio, sangue azul, vários cérebros e camuflagem estes animais são bem mais inteligente que os robóticos escorpiões marinhos, que se suas presas. Os corais surgem e formam grandes estruturas e barreiras marinhas mais rasas onde um novo animal, pequeno, resistente que se alimenta de tudo está sobrevivendo e prosperando na sombra dos gigantes marinhos, os peixes. A terra começa a ter um leve tom esverdeado, mas não de algas microscópicas ou liquens, mas de seres autotróficos semelhantes a musgos, são tímidos ainda, mas a proteção do ozônio que criou uma camada protetora para os raios UV está dando oportunidades até antes não oferecidas nos últimos 3.8 bilhões de anos de vida na Terra, a de colonizar a superfície dos continentes.

  

Fauna e flora Ordoviciana.

 Neste período se verifica pelos registros geológicos um aumento gradativo do oxigênio atmosférico chegando a 13.5 Vol %(68 % do nível atual) e a consolidação da camada de ozônio o que permitiu a colonização da superfície continental da época. O nível de CO² era de 4200 ppm ou seja, 15 vezes o nível pré-industrial do século XVIII, deixando a Terra cerca de 2 graus a mais que a média atual.

 No ordoviciano ocorreu uma clara tendência dos animais filtradores. Além de proporcionar uma excelente fonte de nutrição e proporcionar pouco gasto de energia  na obtenção desta, proporcionava também um aumento de tamanho como ocorre em alguns cetáceos e tubarões modernos.

 Esse período é conhecido por sua diversidade de invertebrados marinhos, incluindo graptólitos, trilobitas, Braquiópodes, e vertebrados como os  conodontes. Todos estes animais formaram uma comunidade marinha que além de algas vermelhas e verdes, se somavam cefalópodes, corais, crinoides, e gastrópodes. Mais recentemente, os esporos tetraédricos que são semelhantes aos das plantas terrestres primitivas foram encontrados nos registros fósseis, sugerindo que as plantas invadiram a terra neste momento da história da Terra. Também muitas espécies de graptólitos foram extintos ao fim do período, mas outras surgiram com um novo estilo de vida planctônica.

 Os trilobitas, que dominaram os mares durante o Cambriano, também evoluíram, desenvolveram varias espécies, passando no entanto a dividir os mares com toda essa biodiversidade de invertebrados e vertebrados marinhos  acima citados, e declinam após  a grande extinção do final do Ordoviciano.

 os e calmos que cobriram grande parte da região costeira de Gonduana se tornou terreno fértil para novas formas de trilobitas. O nível oceânico se elevou em 180 metros acima do patamar moderno, as praias rasas  entravam continente adentro e isso  proporcionou um ambiente propicio ao desenvolvimento de recifes e florestas submarinas. Toda massa continental estava situada no hemisfério sul do globo terrestre e para tanto sobrava grande extensão de mares, uma enorme área de contato permanente sobre intenso sol tropical.

 

Os mais abundantes animais foram os nautiloides que decolavam da vida bentônica no fundo do mar, através de câmaras cheias de gás em suas conchas cônicas, para uma vida flutuante. Os nautiloides são cefalópodes marinhos arcaicos sendo caracterizados por uma grande concha externa calcária, dividida em câmaras que são perfuradas por um sifão e utilizadas como dispositivo de proteção e flutuação. Dos nautiloides existe ainda um gênero vivo, o Náutilo - que vive no sudoeste do Oceano Pacífico. Possui uma cabeça dotada de olhos bem desenvolvidos com tentáculos preênseis.

 Apesar de os fragmentos de ossos de vertebrados e até mesmo alguns parentes destes de corpo mole ser conhecidos desde o Cambriano, o Ordoviciano é marcado pelo aparecimento dos mais antigos fósseis de vertebrados completos. Restos de peixes encouraçados juntamente com os conodontes em rochas ordovicianas compreendem alguns dos mais antigos fósseis de vertebrados.

 Os Conodontes foram um peculiar grupo de caçadores marinhos, com registro abundante   através dos vestígios de  pequenos dentes fósseis que deixaram para trás e que deram o nome a espécie. Os poucos fósseis completos que foram encontrados sugerem que eles possuíam barbatanas, e se pareciam com enguias com grandes olhos, possivelmente aptos a predação.

 Os Peixes começaram a se tornar mais comum no registro fóssil. Eles eram pequenos e tinham a boca apontando para baixo, esta sem mandíbulas, indicando que eles viveram por sucção e filtragem de alimentos a partir do fundo do mar. Escudos ósseos cobria a parte frontal de seus corpos, o início de uma moda biológica para blindagem entre os peixes.

Em principio os exemplares ágnatos eram encouraçados, para se protegerem dos grandes predadores invertebrados. Os peixes eram cegos e de vida bentônica, mas sua principal característica seria a ausência de mandíbula inferior (como com as lampreias atuais), se alimentando dos nutrientes do lodo oceânico.

Cena típica oceânica do Ordoviciano

Os peixes desta ordem se chamavam de Ostracodermos e seriam abundantes ate o aparecimento dos primeiros peixes sem couraça ascendentes dos atuais tubarões, arraias e lampreias.

 Talvez o acontecimento mais “inovador” do Ordoviciano foi a colonização da terra não somente pelas plantas como já comentado como também pelos animais. Restos de artrópodes terrestres primordiais  são conhecidos a partir deste momento como os escorpiões. Devido à era glacial e ao empobrecimento do oxigênio dos mares do final do período, os animais mais resistentes conseguiram desbravar as praias e as regiões dos leitos de rios para sobreviverem.

O final do período fora marcado por uma forte glaciação, em especial no hemisfério sul, o que reduziria o nível dos mares em todo o planeta.

 Boa parte da diversidade cambriana (estima-se em 85% de toda a vida no planeta) que chegara ao final do Ordoviciano desapareceu, e com estas criaturas, alguns de seus planos de organização morfológica, únicas do período, jamais foram vistas novamente.

 

Orogenia Ordoviciana

  



No período Ordoviciano começou a se erguer uma cadeia de montanas que iria da Escandinávia atual a costa leste americana onde se situa a Nova Inglaterra e o leste dos apalaches, esta cadeia de montanha terminaria de crescer no período Devoniano se tornando a maior formação montanhosa que o planeta teria presenciado no quesito altura.

Os geólogos á chamaram de “A Quilha”, onde o tectonismo a elevaria em mais de 10.000 metros de altura. Esta cadeia de montanhas teria sido o resultado da Orogenia Caledoniana que iniciou sua elevação há cerca de 490 milhões de anos atrás, nas era Ordoviciana e concluído sua formação cem milhões de anos após, já no período Devoniano. Desde então, as montanhas se erodiram para cerca de um quarto do tamanho que tinham antes, sendo a mais alta hoje a Galdhöpiggen, com 2.449 m.

É difícil as montanhas crescerem acima de 10 km devido à gravidade. As várias cadeias de orogenia caledoniana representam algumas das cadeias de montanhas mais antigas ainda existentes.

 

Argilito escuro do Ordoviciano.

 Do Cambriano para o Ordoviciano, os fragmentos de continentes trocaram sutilmente de posição, em virtude do movimento das placas tectônicas. O Gonduana permaneceu sendo o maior continente, e foi deslocando-se mais para o sul do hemisfério sul. Havia um grande oceano, o Pantalassa, que ocupava quase todo hemisfério norte. As rochas do período Ordoviciano caracterizam-se de argilitos escuros, orgânicos, contendo restos de graptólitos, podendo apresentar sulfeto de ferro.

 Do baixo para Ordoviciano Médio, a Terra experimentou um clima mais ameno – o tempo estava quente e a atmosfera continha uma grande quantidade de umidade. No entanto, quando o continente de Gonduana finalmente se fixou no Polo Sul no final do período, geleiras maciças se formaram, criando mares rasos ao drenar o nível dos oceanos.

 

Idade do Artrópodes e dos Moluscos

Período caracterizado pelo predomínio dos invertebrados marinhos em geral, se estendeu de 490 milhões a 435 milhões de anos atrás.

 Muitos grupos de animais surgiram se desenvolveram e ou desapareceram durante o período Ordoviciano. Se fosse para ser nomeado esse período com uma idade, seria considerada a idade dos moluscos e escorpiões, devido a grande proliferação e diversificação destes, dos robóticos artrópodes á animais altamente adaptáveis e inteligentes como os polvos e lulas. Na evolução na Terra, quem saberia dizer, se não sofressem o revés da segunda maior extinção  em massa que o planeta sofrera, não teríamos uma fauna totalmente diferente da que possuímos atualmente.

  

Formações de Recifes do Ordoviciano

 


Corais “não-recifais” não possuem as mesmas restrições, podendo ocorrer em áreas mais frias e em maiores profundidades, e os Corais do ordoviciano ocupariam um nicho semelhante ao dos corais“não recifais”, não tendo limite de profundidade.

 Uma característica do período Ordoviciano são as abundantes barreiras de recifes onde grandes extensões de mares rasos nas zonas tropicais com aguá mais quente proporcionou uma biodiversidade fantástica neste período geológico.

 Ao contrário dos recifes do Cambriano construídos por Archaeocyatha (arquiaciatídeos) agora extintos, estes foram formados por grandes massas de briozoários e de estromatoporoides primeiramente e posteriormente de corais,

Os briozoários eram pequenos animais, que viviam em grupo e que construíram estruturas de coral. Os recifes Ordovicianos foram o lar de grandes lírios do mar, equinodermos de forma de pólipo. Ancoradas ao fundo no interior de tubos calcários, eles coletaram as partículas de alimentos com braços emplumados que agitavam nas correntes oceânicas.


Foraminíferos

 


São animais predominantemente marinhos com representantes mais antigos registrados no cambriano. As formas bentônicas e planctônicas, se diferenciando nos registros fósseis pela proximidade da costa continental, pois os planctônicos vivem mais afastados da plataforma continental. Os foraminíferos bentônicos surgiram no Cambriano e as formas planctônicas evoluíram a partir Triássico Superior-Jurássico. Geralmente microscópicos, mas também à exemplares fosseis no período com cerca de 10cm de diâmetro,  como os Nummulites caracterizadas por suas numerosas bobinas, subdivididas por septos em câmaras.

 

Na história da Terra, Heródoto observou nos blocos das pirâmides do Egito, tecas macroscópicas fossilizadas do gênero Nummulitidae.

 

Mais de 35% dos fundos oceânicos são cobertos de foraminíferos globigerinas planctônicos com conchas ricas em calcita e aragonita, As conchas acumuladas das globigerinas mortas formam uma lama que cobre grandes áreas do fundo dos mares. Seus hábitos são quase que exclusivamente bentônicos, alterando a sua reprodução entre assexuada e sexuada.

  


 

Diagrama da célula de um foraminífero: 1 - endoplasma , 2 - ectoplasma , 3 câmaras, 4 poros, 5 forames, 6- vacúolo digestivo , 7- núcleos , 8 - mitocôndrias , 9 - pseudópodes ( granurreticulopodia ), 10- grânulos, 11 aberturas, 12 partículas alimentares, 13 - aparelho de Golgi , 14 – ribossomos. :




Ciclo reprodutivo de um foraminífero bentônico Elphidium crispum.

 

Briozoários

   

O único grupo novo invertebrado que surgiu no Ordoviciano fora o filo dos briozoários, cujos exemplares mais antigos pertencem ao Ordoviciano Inferior.

Os briozoários são animais invertebrados e de hábito colonial. Os indivíduos das colônias, denominados zooides, são cilíndricos, dotados de anel de tentáculos e fisicamente conectados entre si. O zooide tem cerca de 0,5 mm de comprimento.

 Os briozoários são sésseis e encontrados incrustados em qualquer material aquático. O grupo é constituído por animais predominantemente encontrados em água salgada, mas também ocorrendo em água doce. No ambiente marinho podem ser encontrados em todas as profundidades, sendo, porém, mais comuns em águas rasas nos mares tropicais. Os briozoários marinhos possuem um esqueleto calcário e participam da construção de recifes.

 



 


  

RECEPTACULITÍDEOS


Os Receptaculitídeos (receptaculitads) são curiosas criaturas em forma de girassóis de gênero representativo no mesordoviciano ao devoniano e início do carbonífero. Pode se parecer com um porífero ou coral, mais sua posição sistemática ainda é problemática. Possuía hábitos bentônicos vivendo em mares rasos, seu representante gigante media cerca de 20 cm.

A origem filogenética do grupo tem sido obscura há muito tempo, mas o entendimento atual é que eram algas calcaresas, provavelmente da ordem Dasycladales. Os receptaculitídeos viveram em mares quentes e rasos e foram descritos de todos os continentes, exceto da Antártida. Em algumas áreas eram importantes recifes antigos, e também ocorrem com à espécimes e seus parentes formando um padrão de dupla espiral, irradiando placas em forma de losango suportadas por objetos semelhantes a um fuso chamados meroms.

Os fósseis geralmente podem ser identificados pelos padrões interseccionais das linhas de placas ou espaços de talo no sentido horário e anti-horário, superficialmente semelhantes ao arranjo de floretes de disco em um girassol, por isso o nome comum "coral de girassol"

 

Poríferos

 


Durante explosão do Cambriano, período no qual a maioria dos grupos animais surgiu na Terra, aconteceu há 540 milhões de anos, mas o planeta já era habitado por ao menos um animal que surgiu 100 milhões de anos antes. Isso se verificou devido a pesquisadores que confirmaram que as esponjas do mar são a fonte de uma molécula encontrada em rochas datadas com 640 milhões de anos.

 


 

Classe Esclerosponges

 


As esponjas primitivas que dominavam os recifes dos mares Cambrianos, mas no Ordoviciano deram lugar a briozoários tinham como representante o grupo Estromatoporoides. Esse grupo já extinto de esponjas marinhas era comum no registro fóssil do Ordoviciano até o Devoniano.

 Esclerospongias é uma classe de poríferos, que algumas vezes é incluída na Demospongiae. E engloba espécies marinhas geralmente encontradas em cavernas, grutas e túneis associadas à recifes de corais restritos ao Caribe e região Indo-Pacífica tropical. Estas esponjas leuconoides são únicas por apresentarem esqueleto interno composto por espículas silicosas (aragonita-sílica) e fibras de espongina que dão suporte às células, tais quais às Demospongiae, agregadas a uma base calcária (carbonato de cálcio).São estas as esponjas coralinas, mais conhecidas dos fósseis. Existem poucas espécies modernas, entre elas, os gêneros Sclerospongia e Tabulospongia.

 As dermosponjas representam 90% das esponjas, os registros fósseis desse tipo são menos comuns que os de outros tipos, pois seus esqueletos são compostos de uma espongina relativamente frágil, que não se fossiliza muito bem. Existem fósseis que variam muito em formato e tamanho.


 Estromatoporoides

 

Estromatoporoides é um grupo extinto de esponjas marinhas comuns no registro fóssil do Ordoviciano até o Devoniano. Eles agora são classificados no filo Porifera, especificamente os esclerosponges. Existem numerosas formas fósseis com esqueletos esféricos, ramificando ou encorando de calcita laminado com pilares verticais entre os laminados.

Espécimes de seu gênero mais antigo, Priscastroma, foram encontrados no Ordoviciano Médio que se ramificou em duas formas, A e B. Forma A deu origem ao gênero Cystostroma enquanto a forma B deu origem ao gênero Labechia e seus descendentes.


Priscastroma

 

 Os estromatoporoides construíam esqueletos mais ou menos massivos, com aspecto estratificado que podiam atingir dimensões consideráveis variando de 1cm a mais de 01 metro de diâmetro.

O aspecto exterior e da superfície de uma colônia de estromatoporoides fora bastante variável, tabular ou laminar em colônias incrustantes, bulboso, semiesférico ou em domo, dendroides, etc.

  


 

Os estromatoporoides paleozoicos são, frequentemente, encontrados em associação com corais tabulados, com os quais davam origem a construções de tipo recifal. Em termos gerais suplantavam, em capacidade bio edificadora dos corais em ambientes de hidrodinamismo mais elevado. Foram extintos no final do Devoniano e os supostos estromatoporoides mesozoicos podem não estar relacionados, podendo ser um grupo polifilético se eles forem incluídos Os mesozoicos, sob muitos aspectos distintos dos paleozoicos, raramente formavam estruturas recifais.