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segunda-feira, 24 de setembro de 2018

O bode Expiatório Judaico Tomo III



Idade moderna, A era dos Guetos.


Gueto de Toledo.

No final da idade media, antes da tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos, por lei Papal os judeus seriam alocados em vilarejos específicos nas áreas urbanas. Desse modo surgiram em muitas cidades os bairros judeus, que a partir de 1500 seriam conhecidos como "guetos".
Eram uma cidade dentro de outra cidade, com horários para entrar e sair controlados, e muitos eram fortificados. Uma espécie de presidio semiaberto, com liberdades e direitos restritos para um grupo étnico inteiro.


Gueto de Veneza.

Eram superpopulosos e geralmente paupérrimos. A solidariedade dos mais abastados que por vezes supria as necessidades dos desprovidos de tudo...menos da sua fé.


Obra mostra cena de expulsão de judeus da Espanha em 1492. Muitos deixaram o país, mas outros optaram por ficar e coagidos á se converter ao catolicismo.

Os dominicanos batizaram entre os anos de 1500 e 1530 muitos judeus. Mesmo sido convertidos, porém, não eram muito mais seguros dos ataques de populares, do que seus irmãos de credo judaico. Alguns destes novos convertidos escreveram extremamente hostis volumes antijudaicos, uma amalgama de sentimentos que tinham a pretensão de causar danos à Judiaria:
Vítor de Carben em 1505, João Pfefferkorn  entraram para a historia com quatro peças sarcásticas sobre os judeus, escritos entre 1505-09,




A xilogravura mostrada no pôster vem do "Espelho Judeu" (1509) do judeu  convertido ao cristianismo por Johannes Pfefferkorn.

No ano de 1509, o imperador Maximiliano autorizou João Pfefferkorn a destruir qualquer coisa que fosse blasfema ou hostil à Cristandade. Começou em Frankforte no rio Meno, onde vasculhou lares judaicos e sinagogas, confiscando mais que 1.500 manuscritos diversos.

 Cum nimis absurdum.

No tempo da Reforma, o papa editou uma bula em 1517, a  "Cum nimis absurdum". Essa é reconhecida como o documento cristão antijudaicos mais devastador que jamais foi escrito. Determinou que os judeus usassem distintivos de ignomínia, vivessem somente nos guetos e vendessem qualquer propriedade fora dos muros destes. Uma prisão a céu aberto.


Marranos
Marranos. Pintura de Moshe Maimon (1893) retrata o Sêder de Pessach realizado secretamente em Espanha, à época da Inquisição.

Os judeus do norte da África (sefarditas) migram para a península Ibérica. e depois da era de ouro da civilização islâmica acabaram como eles caindo nas mãos do cristianismo da reconquista, muito mais fanático que tolerante. Acabaram expulsos de lá pós século XV, migram para os Países Baixos, Bálcãs, Turquia, Palestina e, estimulados pela colonização europeia, chegam ao continente americano.

Mas nem todos foram embora, alguns acabaram convertidos por coação, cristãos na vida publica e judeus na vida privada, acabariam por sincretizar as crenças para a própria sobrevivência, muitos acabariam conversos pela distancia de outros grupos judaicos, outros manteriam os ritos na intimidade da família, mas se afastando dos progressos e inovações como um povo coeso. Eis os Marranos, ainda hoje não aceitos como judeus pelos grupos mais ortodoxos judaicos.

B'nei anussim (em português, "filhos dos forçados") que designa os descendentes de judeus convertidos à força (anusim) o Marrano dito acima é uma expressão hebraica genérica e conceito historiográfico que se refere aos judeus convertidos ao cristianismo dos reinos cristãos da Península Ibérica que "judaizavam"( como ja dito continuavam a observar clandestinamente seus antigos costumes e sua religião).


Método de influencia cognitiva para a conversão de Judeus ao Cristianismo

São considerados B'nei anussim ou marranos todos os descendentes dos judeus sefarditas portugueses e espanhóis que foram obrigados a abandonar a Lei judaica e a converterem-se ao cristianismo, contra a sua vontade, para escapar às perseguições movidas pela Inquisição.


A Reforma de Lutero

 Martinho Lutero inspirou a reforma Protestante, mas em seu lado obscuro caracterizou-se por ser um violento antissemita. Em 1523 Lutero escreveu que Jesus era "judeu de nascimento” e por isso se empenhou inicialmente para que os judeus fossem tratados de maneira amistosa, na esperança de levá-los à conversão.

A Reforma contribuiu para mais liberdade, mas somente momentânea, aos judeus. Em países protestantes estes gozavam de maior tolerância e tinham menos restrições, podendo desenvolver uma cultura mais dinâmica do que em países católicos. Mesmo assim, os judeus continuaram vivendo vidas precárias em qualquer lugar.

João Eck.

Em 1541 João Eck, o polemista católico romano, escreveu um tratado contra Davi Gans, um judeu. Gans esperava que o protestantismo fosse mais tolerante do judaísmo. O panfleto de Eck, “Refutação dum Livro Judaico”, revivifica todas as antigas acusações como assassinato ritual de crianças, profanação de hóstia, etc. Além disso, chama os protestantes da Alemanha aduladores e amantes de judeus.

No tratado “Nas últimas palavras de David”, moderou sua posição, mas seguiu a tradição de interpretar o Antigo Testamento em termos cristãos. Esses panfletos mostraram-se impopulares e teriam sido esquecidos, se os nazistas os não tivessem ressuscitado na Edição de Munique (primeiro vol. 3, 1934).

Ilustração de Judeus sob a Reforma Luterana.

No ano de 1543 a acusação de João Eck, contribuí-o para a mudança da atitude de Lutero aos judeus, ele ficou decepcionado porque não se convertiam à nova fé evangélica. Depois disso descreveu uma série de tratados antijudaicos os mais famosos foram intitulados:
 No tratado Sobre Judeus e as suas Mentiras e Sobre Shem Hamforas, vistos através destes trechos...“Suas sinagogas devem ser incendiadas… suas casas devem igualmente ser demolidas e destruídas… Deixem-nos ganhar seu pão pelo suor dos seus narizes, como ordenado às crianças de Abraão.”

O Von den Juden und ihren Lügen

Lutero em seu Von den Juden und ihren Lügen, escreveu que deviam ser aplicadas ações contra os judeus como queimar as sinagogas, destruir seus livros de oração, proibir os rabinos de pregar, destruir suas casas, apreender suas propriedades, confiscar seu dinheiro e obrigá-los a realizar trabalhos forçados , ou doma-los assim ou expulsá-los para sempre.

Neste paragrafo lemos mais sobre o seu discurso:
       “(Os judeus) Mantêm-nos prisioneiros em nosso próprio país, nos fazem trabalhar até a última gota de suor, enquanto se sentam junto à estufa, descansam, engordam, se banqueteiam, se embriagam, vivem folgadamente à custa dos bens produzidos por nós; capturam-nos e aos nossos bens por meio de sua maldita usura e ainda debocham de nós e nos cospem por termos de trabalhar para eles”.




Andreas Osiander

Alguns homens famosos do tempo da Reforma que eram simpáticos aos judeus foram João Brenz (1499 – 1570), o reformador da Suábia, e os teólogos Andreas Osiander (1498-1552) e Matias Flacius (1520-1575). Mas uma minoria mediante um contingente de antissemitas.


Judeus e o Império Otomano

Judeu Otomano.

Nem somente de tragédias viveram os judeus na idade moderna Ocidental. Novamente sobre o seio Islâmico encontrariam seu porto seguro, e uma chance de poderem viver em relativa segurança e prosperidade. isso foi fato por 400 anos até o declínio do Império Turco para o crescente poder Imperialista da Europa no século XIX, onde por fim, acabaria por incitar ao movimento sionista e a criação do estado de Israel.





Teto da Sinagoga Zulfaris, atualmente o Museu Judeu da Turquia.
Datada de 1671, foi transformada em setembro de 2001 em museu.

Durante o fim do século XIV e início do século XV, à medida que os Otomanos avançavam em direção a Istambul, judeus perseguidos pela Inquisição e posteriormente pela onda da reforma e contra-reforma cristã nos reinos da Hungria, da França e da Sicília se refugiaram em seus novos domínios. A eles se juntaram também judeus que fugiram de Thessaloniki (Salônica), então sob domínio veneziano.

Em 1470, judeus expulsos da Bavária foram para a anatólia turca. Em 1492, Cristóvão Colombo zarpava do porto de Palos, um porto não tão importante quanto os de Cadiz e Sevilha, mas estes dois últimos, estavam cheios de judeus expulsos da Espanha pelos reis católicos.

A expulsão dos judeus da Espanha, em 1492, e a Conversão Forçada de 1497, em Portugal, produziram a "Diáspora Sefardita", levando judeus a buscar refúgio em terras como as do Norte da África e as do extenso Império Otomano. Muitos, ansiosamente, aceitaram o oferecimento feito pelo Sultão Bayezid II para se integrarem à vida do Império Otomano. Bayezid II fez questão de favorecer a entrada de judeus e ordenou aos seus governantes para acolhê-los cordialmente. Os que não cumprissem poderiam sofres sérias represálias.


Os judeus eram protegidos pelo estatuto da Dhmmis (aplicado a não-muçulmanos que pertencessem aos povos do livro – judeus e cristãos), que os relegava a cidadãos de segunda classe, mas garantia sua vida, direito de propriedade e direito de culto.

Os judeus encontraram seu espaço mesmo sendo limitados a certas profissões que os muçulmanos não tinham interesse em fazer – eles preferiam se dedicar às atividades militares, políticas e religiosas - e nas quais os cristãos dos territórios recém conquistados não eram tidos como confiáveis. Trazendo sua experiência mercante e algumas inovações, como a prensa tipográfica, constituíram a classe média do país.


Em cima navio “Mavna” de Veneza, abaixo o navio-almirante “Göke” de Kemal Reis, gravura da Biblioteca do Palácio-Museu Topkapi em Istambul.

No Mediterrâneo, os judeus ibéricos posicionaram-se em núcleos urbanos, compondo formidável rede familiar de relações sócio-econômicas, que tornou válida a idéia do Mediterrâneo como o "Mar Sefardita" ou o "Mare Nostrum Sephardicum", expresso por alguns historiadores.

Mar Sefardita

Expressando sua opinião sobre a expulsão da Espanha, Bayezid II havia declarado na ocasião: "O rei espanhol Ferdinando é erroneamente considerado um sábio, pois com a expulsão dos judeus, empobreceu o seu país e enriqueceu o nosso".

Era evidente que os otomanos sabiam dos benefícios potenciais da emigração em massa. Aceitavam os judeus parcialmente por interesses econômicos pois os judeus da Espanha eram altamente qualificados, educados e grandes homens de negócios. Mas temos também o grande senso de união e respeito aos poderes legalistas, ordeiros e um fator que o estadistas contavam, o Império Otomano detinha as terras palestinas, berço do estado primavesco de Israel, por tanto, indiretamente, estavam vinculados a sua origem histórica. Muitos consideravam que o Império Otomano lhes proporcionava o portão de entrada para a Terra de Israel. Ainda assim os judeus rapidamente se adaptaram ao renovado sentimento de liberdade e continuaram a se desenvolver culturalmente, financeiramente e espiritualmente.

Bayezid II e seus sucessores, a partir do século XV, acolheram os sefarditas no domínio otomano e valeram-se de seus préstimos e conhecimentos não só para a expansão e desenvolvimento do comércio regional e internacional, mas também para o incremento das finanças, diplomacia, negócios bancários, corretagem e ourivesaria. A usura, terminantemente proibida aos muçulmanos poderia ser aplicada pelos judeus a povos não Islâmicos, dede que sob supervisão dos funcionários de finanças do Sultão.

Avanço Otomano.

Os refugiados de origem ibérica foram designados pelos dirigentes otomanos a importantes cargos político-administrativos, participando, inclusive, da estratégia de colonização de diversas áreas do vasto Império. A imprensa escrita, trazida para Istambul em 1493, por dois irmãos refugiados da Espanha é um exemplo da sofisticação que os judeus introduziram no Império Otomano. Os positivos contatos mantidos entre sefarditas e otomanos permitiram que laços de identidade se solidificassem com o tempo, em convivência de mútuo e duradouro respeito. O sistema político-administrativo otomano permitiu às minorias a preservação da religião, do idioma, das tradições e costumes.

Solimão, o Magnífico, oficina de Ticiano

No século XVI, os judeus expulsos da Boêmia chegaram ao Império Turco-Otomano. Outros foram expulsos de Apulia, na Itália, e que caíram sob domínio do Papa foram resgatados pelo Sultão Suleiman( ou Solimão), o Magnífico, que escreveu uma carta ao Papa, exigindo sua liberação. O Papa cedeu, visto que o Império Turco Otomano era uma grande potência da época.



No reinado de Solimão se estenderia de 1520 a 1566, o Império Turco Otomano atingiria o seu apogeu. A sua frota podia controlar toda a costa mediterrânica e os seus territórios incluíam a Anatólia, a Armênia, uma parte da Geórgia e do Azerbaidjão, o Curdistão, a Mesopotâmia, a Síria, o Hedjaz (com a cidade de Meca), o Egito, os Estados de Argel, Tunes e Trípoli, a Península Balcânica, a Grécia, a Transilvânia, a Hungria Oriental e a Crimeia.


Avanços para o povo Judeu Otomano.

Jerusalém e o Domo da Rocha.

Em 1517 o Império Otomano conquista a Terra de Israel. Começa assim a aliyá(retorno a sião) dos sefarditas para a Terra Prometida; estabeleceram-se nas cidades de Jerusalém, Safed, Tiberíades e Hebron

Citamos como exemplo um dos documentos mais sagrados que apareceu no império, (com a ajuda da imprensa escrita) o Shulchan Aruch de Rabbi Joseph Caro. Publicado em 1564, continha o código de leis sefarditas. A literatura judaica revigorou-se. Um importante centro cabalista se firmou em Tzfat. Foram escritas obras como o Shulchan Aruch e a canção Lechá Dodí.
Judeus incorporaram o idioma turco.
Os judeus foram proeminentes na medicina da corte, como em Córdoba, esta profissão elevou muitas famílias em status e fortuna servindo á "Sublime Porta", (nome poético da corte otomana), mas se destacaram também na diplomacia e como conselheiros e ministros da corte.

Império Otomano em 1683

Com o tempo, a população judaica no Império Otomano chegou a 200.000 habitantes, contra apenas 65.000 na Europa. Eles se assentaram principalmente nas cidades de Istambul, Esmirna, Salônica, pois era perto dos dirigentes otomanos, seus protetores. Mas milhares viviam em outros centros urbanos como Sarajevo, Adrianópolis, Nicópolis, Jerusalém, Safed, Damasco, Cairo, Bursa, Tokat, Amasya. A população judaica em Salônica cresceu tanto que os judeus tornaram-se maioria na cidade. Esta cidade se tornou o centro da vida judaica sefardínico. Suas indústrias e o dinamismo de seu porto (desativado aos sábados), transformaram a cidade de Salônica, numa cidade-líder da rota comercial da indústria têxtil do século XIX.

Muralhas de Salônica

Istambul, centro administrativo e comercial do Império Otomano, passagem marítima do Mar Negro e do Mediterrâneo, constituía uma verdadeira praça de câmbios, onde produtos do velho e do novo mundo eram comercializados. Foi nesta cidade que a maior comunidade judaica se organizou. Em 1900 a comunidade de Istambul contava aproximadamente 300.000 judeus. 

1 – Noiva armênia; 2 – Mulher judia de Constantinopla; 3 – Jovem grega.


A decadência otomana e a ingerência do imperialismo europeu em terras do Oriente Médio levaram famílias de negociantes sefarditas, procedentes de Istambul, Esmirna, Ilha de Rodes, Egito e de outras comunidades a buscar estabelecer-se em terras da Europa Ocidental, em diáspora à que chamamos de "Retorno ao Ocidente" o que se verificaria um dos maiores erros das lideranças judaicas. Pois 45 anos depois apenas 5 porcento de todas as famílias migrantes e seus descendentes estariam vivas.


Istambul

Atualmente, estima-se em 23 000 o número de indivíduos da Comunidade Judaica na Turquia. A grande maioria, aproximadamente 95%, vive em Istambul. Os judeus sefarditas representam cerca de 96% de toda a população judaica na Turquia.


A contra reforma

Concílio de Trento foram ouvidas como ação defensiva à Reforma luterana.

Se já estava ruim antes da fragmentação da unidade católica, após a reforma a vida judaica iria piorar... e muito. Nos países católicos, a transformação de vilarejos em guetos judaicos chegou a ser a norma. A cultura hebraica era sufocada, e o novo estereótipo de judeu de gueto foi adicionado aos muitos já existentes.



A imprensa
Judeus queimados vivos pela ação da contra-reforma.

Com o advento da imprensa, do renascimento do mundo antigo e do egocentrismo bem como da intelectualidade mais laica, os ataques aos judeus iniciaram um novo fronte de batalha, o das letras. Livros, bulas, panfletos, atacavam agora o povo judeu mais do que os boatos, estes perenes e diversos, agora não somente se atacava o credo judaico, como o judeu como raça. Mas um fator abrandou os intelectos o racionalismo, e estes pensadores em geral eram muito mais tolerantes ao convívio com o judaísmo do que os clérigos.


Teodoro de Beza, o último dos grandes Reformadores.

No ano de 1554 em Genebra, Teodoro Beza publicou um livro sobre Porquê heréticos devem ser punidos pelos magistrados. Essa era uma réplica ao eloquente apelo de Sebastian Castellion por liberdade religiosa. Castellion fora removido de Genebra pelo reformador João Calvin, porque duvidava que o Cântico dos Cânticos formasse parte das Escrituras.



Entre 1580–1622 a República dos Sete Países Baixos (Holanda) chegou a ser muito tolerante aos judeus. Chegou a ser um porto para judeus que fugiram da Inquisição. Aí, os argumentos de Castellion por liberdade religiosa prevaleciam sobre a influência de Beza. Quando os Países Baixos estavam sob o reinado de Carlos da Espanha, os judeus foram expulsos.


Knox

Na Scots Confession (Confissão Escocesa), cap. 18, o reformador João Knox manteve a doutrina calvinista original de intolerância, distinguindo “a prostituta” (Roma) e as sujas sinagogas de a verdadeira Igreja.


Cristiano IV

O rei Cristiano da Dinamarca e outros reis nórdicos foram contra o senso comum da era moderna ao convidaram judeus a residirem nos seus países, enquanto a Guerra dos Trinta Anos arrasava a Europa Central.

Entre os anos de 1646–1654, a Confissão de Westminster, por ato do parlamento escocês, substituiu a Confissão Escocesa, definindo a Igreja em termos universais sem difamações contra o papado ou antissemíticas nos seus capítulos sobre a Igreja.


Em 22 de setembro, de 1654 Pedro Stuyvesant enviou para casa uma carta antissemita das colônias no Novo Mundo à Companhia da Índia Ocidental, indicando que os judeus aqui também estavam em dificuldade. Os puritanos da Inglaterra viam os judeus como desafio ao evangelismo cristão

No ano de 1718 o rei Carlos XIII da Suécia abriu o país à imigração judaica. Todavia, restrições econômicas e de viajar foram impostos.


Grandes Pensadores Antissemitas da Era Moderna 

William Shakespeare
Shylock, o Mercador de Veneza,no registo, como banqueiro, pela pena no clássico William Shakespeare (1564-1616).

Shakespeare não demonstrava gostar de judeus. O poeta expressava abertamente nas suas peças o preconceito comum sobre judeus, mesmo nunca tendo cruzado com um único durante a vida pois os judeus foram expulsos da Inglaterra no século XV e só retornariam no século XVII.

No mercador de Veneza temo o personagem Shylock, um agiota judeu, que mostra momentos de vilania de sua ganância, sua ânsia por vingança e  sua fragilidade de caráter quando para não perder suas posses opta até mesmo por mudar de religião, entretanto,  este não deixa de colocar a falta de caráter de outros personagens, como Antônio e mesmo Pórcia. 

Visão dos judeus na Inglaterra moderna.



Essa é uma característica do autor, a sensatez em dar todas as matizes de personalidade aos seus personagens, portanto, não podemos assumir com certeza, mesmo com a dureza com que Shylock é apresentado, que este é um texto unicamente com a intenção de propagar o antissemitismo. 


As obras são o que são, mas também o que fazemos delas, por isso, a personagem foi durante anos apresentada em teatro e cinema de modo tendencioso. Shakespeare viveu em um meio e período de perseguição religiosa, e o texto mostra muito de seu momento histórico, no período em que a obra fora escrita, em Veneza por exemplo, os judeus eram obrigados a andar de chapéu vermelho para serem identificados. A conversão de Shylock é nada mais nada menos do que o retrato da perseguição religiosa que ocorria no período Elisabetano, bem como seu caráter vil era a imagem que era feita do povo judeu.

Filme o Mercador de Veneza com Al Pacino.




Voltaire


Tratado de Voltaire sobre a tolerância ressoa nos tempos modernos.

Em 1756 o filósofo francês Voltaire lançou suas "Obras Completas", contendo uma série de violentas passagens antissemitas.

Voltaire escreveu sobre os Judeus: “Eles são o mais rude de todos os povos, o mais odiado de todos os nossos vizinhos. Todos eles nascem com intenso fanatismo nos corações. Eu não ficaria surpreso se essas pessoas um dia se tornassem um verdadeiro desastre para toda a humanidade”.





 O pensador apesar do seu importante papel na defesa da Liberdade, chama o povo judeu , no seu " "Dictionnaire philosophique",  de povo'"ignorante", "bárbaro" e cheio de superstições. Ao mesmo tempo, também criticou os que os perseguiam , dizendo: mesmo assim, não devemos queimá-los na fogueira.


O escritor judeu Isaac de Pinto, indignado, escreveu-lhe uma carta aberta, lamentando os "horríveis preconceitos" aprovados pelo maior dos gênios da mais iluminada época"'. Voltaire respondeu desculpando-se por ter estereotipado todos os judeus, mas a sua opinião em geral sobre eles parece não se ter alterado.

Mesmo assim posteriormente confessou seu amor pelo povo judeu: “Eu os amo tanto que gostaria que eles estivessem em Jerusalém, em vez dos Turcos que faliram e destruíram completamente seu país. Trabalhem a terra miserável como vocês nunca trabalharam antes, levantem a terra aos picos expostos de suas montanhas demolidas…”..

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

O bode Expiatório Judaico... Tomo II Idade Média

Tal como na Europa da Idade Média, atualmente, mais de um quarto dos Cristãos no mundo, ainda culpam os judeus da morte de Cristo.


A segunda parte da epopeia judaica sobre a mão do antissemitismo passa pela faze medieval de privações e intensificação de agressões. Como um sentimento xenófobo contra uma etnia, uma crença se tornam ódio, e especialmente... o bode expiatório... de todo o mal da face da Terra. 

Os detentores do poder usavam os Judeus para fazerem deles seus arautos naquilo que lhes era ilícito a nível cultural e principalmente religioso, a Usura. Lhes privaram das oficinas, da agricultura, da  vida social em si para faze los ter de sobreviver com aquilo que lhes fora imputado... o comercio, os negócios e os empréstimos. 

Cada vez que cresciam em importância e numero, algo era lhes afligido, seus bens confiscados e famílias inteiras mortas. Assim os controlavam, assim faziam os nobres, comerciantes e até mesmo o clero, sua lavagem de dinheiro ilegal, para burlar os coletores de impostos. Mesmo assim, gracas a sua excelente adaptabilidade se tornaram ótimos em sua forma de sobrevivência. 

A mente judaica sempre fora ativa pelo conhecimento, pois em geral não eram analfabetos, e quanto muito obtinham o saber oralmente... mas de práxis ambos. Todos estudavam as suas leis e o conhecimento proibido pela igreja. Deles temos durante mil anos a transferência de saber do mundo Islâmico para o do estado moderno ao final da Era Medieval e o renascimento europeu do conhecimento.

Os judeus e o Islã.

Antigas muralhas romanas no bairro judeu de Córdoba.

Os primeiros conflitos entre judeus e muçulmanos se deram ainda quando Muhamad era vivo.No meu próprio blog no artigo Maomé - O início do Islã (http://codicedemarcostoffoli.blogspot.com/2015/03/maome-o-profeta-de-deus.html) conta a visão dos muçulmanos sobre o ocorrido.
Mas resumindo, famílias judias de Medina foram acusadas de conspirar com os lideres de Meca, contra os cada vez mais numerosos de conversos na cidade de Medina. Verdade ou não ai se iniciou uma desconfiança por parte dos muçulmanos com os grupos judaicos.

Mas geral foram tratados como os cristãos, com respeito por serem "povos do Livro" mas também como cidadãos de segunda classe, mesmo assim com total acesso a vida útil do estado. Eram bem mais protegidos do que em qualquer reino cristão, e muitos faziam parte das cortes dos dirigentes, corpo diplomático, conselheiros, enquanto estes ainda eram em sua maioria árabes ou curdos. Com os Turcos e Mongóis a situação mudaria um pouco.

O inicio da expansão islâmica até o seu apse fora um período de relativa calma alternada com conflitos esporádicos com os grupos judaicos. As tensões aumentavam geralmente quando os estados muçulmanos disputavam entre si, por soberania e rotas comerciais. Os judeus visto como pouco confiáveis por vezes eram alvo de ataques paranoicos conspiratórios. Logicamente, sempre tem grupos que por insensatez acabam por estimular estes devaneios do populacho.

Al-Andalus.
 
Andaluzia 

Quando os muçulmanos chegaram à Península Ibérica, a população local era predominantemente cristã, embora o paganismo e o arianismo ainda persistissem em algumas regiões. Foi apenas no século X, quando o emirado de Andaluz estava firmemente estabelecido, tanto que se tornou o maior poder do Mediterrâneo ocidental, (sob o Califa Abderramão III), que os muçulmanos se tornaram uma maioria na Ibéria. Antes de meados deste século, ele afirma, a população de Al-Andalus ainda era metade cristã com grupos de famílias judaicas.

A maioria dos muçulmanos da Península Ibérica, chamados de mouros, não era imigrante do Norte da África ou árabes, mas descendentes de ibéricos convertidos ao islamismo, os chamados muladis. A conversão ao islamismo apresentava vantagens: muitos cristãos se converteram ao islã para evitar ter de pagar a jizia, um imposto que era cobrado dos não muçulmanos.

A conversão ao islã também abria novos horizontes aos cristãos e Judeus nativos, aumentava sua posição social, assegurava melhores condições de vida e ampliava as chances de ter trabalhos tecnicamente mais qualificados e avançados.

Sob domínio islâmico, cristãos e judeus como ja comentado, eram considerados cidadãos de segunda classe (status inferior aos dos muçulmanos), o que leva alguns historiadores a refutarem a tese de uma "era de ouro" de convivência pacífica entre religiões em Al-Andalus. Mas o fato, afora alguns momentos ciclísticos de crise (onde os judeus terem sido perseguidos e mortos como em outras nações), muitos historiadores entre eles judeus, acreditam ter sido o período de maior opulência e segurança antes do século XX e da criação do estado de Israel.

Feira Moçárabe de Lourosa 

Os islâmicos não odiavam ou perseguiam explicitamente, em muitos aspectos, os não muçulmanos eram mais bem tratados na Ibéria Islâmica do que se podia esperar de outros povos conquistados, naquele tempo. Os judeus não eram forçados a viver em guetos, a se converter ao islamismo e nem eram impedidos de ocupar postos de trabalho, nem de seguir sua fé, isso tudo, desde que reconhecessem a autoridade e superioridade islâmica. Muitos Judeus e cristãos na Ibérica absorveram parte da cultura islâmica, sendo denominados de moçárabes, uma forma cultural sincretizada, pois falavam o árabe, adotaram suas vestimentas e regras sociais além de um misto judaico em nomes árabes.


Avanço Muçulmano na Europa.

Os judeus eram representados por suas próprias autoridades (dentro de seus grupos regiam os seus perante suas próprias regras),  e estes juízes o faziam perante as autoridades muçulmanas.
Além do aspecto legal, as autoridades muçulmanas tinham interesse político em manter os grupos judeus em razão do fator fiscal (obter recursos provenientes da jizia), mas, mais importante, usados como embaixadores em outras comunidades judaicas de outras nações, negociar com elas tratados e produtos, pois como grupo coeso os judeus tinham confiança mercantil com os seus e nem tanto com grupos de fora de seu âmbito religioso étnico.

Para isso grande numero era mantido na corte do califa, como consultores, embaixadores, em geral detentores de altos cargos. Muitas famílias judaicas possuíam um nível de vida muito superior aos demais súditos muçulmanos, o que também acabaria por levar, nas crises de guerra e fome, a tê-los como culpados pela sua situação no momento.

Maimônides e a era de ouro Judaico-islâmica

Maimônides também conhecido pelo acrônimo Rambam.

Foi um Talmid ou seja, estudante Talmudico, de questões minai-as, questões alakicas, questões probabilísticas e de questões místicas pseudocientíficas. Maimônides foi a figura central intelectual pós judaísmo medieval e hoje configura como a segunda autoridade no que diz respeito à Lei dada a Moisés no Sinai. Nascido em Córdoba, no Império Almorávida,  antes sob o domínio do califado de Al Andalus,


O judeu sefardita Rambam recebeu sua influência na era de ouro do mundo intelectual árabe.
Nasceu (na véspera da Páscoa de 1135-36 ou 38 aproximadamente como data de seu nascimento), exerceu as funções de rabino, médico e filósofo de cultura marroquina no Egito, país onde morreu em 12 de dezembro de 1204. O seu corpo foi movido à Galileia, sendo sepultado em Tiberíades.

Como principal Líder no rabinato moderno (da história judaica) sua principal obra é Yesod Cabalá (pedra fundamental na tradição judaica). Sua Mixná Torá (Recapitulação da Lei) de quatorze volumes ainda carrega significativa autoridade canônica, como uma Grande obra de decodificação de lei mixnaica-talmúdica.

Ele é conhecido por alguns como "A Grande Águia (ha-nesher ha-gadol)" em reconhecimento por seu excepcional expoente fidedigno no que diz respeito à Torá oral e leis judaicas em geral. Além de ser reverenciado pelos historiadores judeus, Maimônides é também uma figura muito proeminentemente na história das ciências islâmicas e arábica, sendo mencionado extensivamente em estudos acadêmicos. Influenciado por Al-Farabi, Avicena e seus contemporâneos Averróis, dentre outros proeminentes filósofos e cientistas árabes e muçulmanos. Maimônides tornou-se um proeminente filósofo e polímata tanto na tradição judaica quanto na islâmica.

Por um período de mais de dois séculos judeus do mundo conhecido todo aportavam em Al Andalus para viverem com suas famílias, um porto seguro que começaria a ruir com a reconquista cristã na península ibérica.

Cristãos vs Judeus II

Império Bizantino em 717, em Rosa e o Islâmico em verde.

Apesar de não ser veemente a perseguição dos judeus até então no Império Bizantino com  fora na Europa centro ocidental, No ano de 692 no Sínodo trulanico do Império Oriental fora emitida uma bula proibindo que cristãos assistissem festas judaicas, e que tivessem relações amigáveis com judeus mesmo no amparo de médicos hebreus. O Judaísmo acabaria proscrito no império por Leão III em 722 e os judeus batizados à força. Alguns foram mortos, por se recusarem e portanto queimados dentro de suas próprias sinagogas.

O Império Carolíngio (800 - 924).

Entre os anos de 829 e 845,  no ocidente após um breve período de calma, o arcebispo de Lion, S. Agobard, escreveu nas suas epístolas que judeus nasceram escravos, e que estariam roubando crianças cristãs para vendê-las aos árabes. Os bispos de Leão, Rheims, Sens e Bourges convocaram o Concílio de Meaux para renovar restrições antijudaicas. O imperador Charles de Bald recusou implantá-las no Concílio de Paris (846).

Península Itálica
Ghetto o bairro Judeu de Roma.

Luís II, rei da Itália, em 855 expeliu os judeus de efeito em 1o. de outubro de 855. Em sermões durante o período da Páscoa, a população de Beziers foi encorajada a vingar a crucificação de Jesus. A nobreza de Toulouse tinha por alguns anos o privilégio de publicamente esbofetear as orelhas do presidente da comunidade judaica nas Sextas Feiras Santas. Mais tarde, isso foi mudado para um pagamento anual que os judeus tinham de fazer.

Judeus: Demonizados e Excluídos no Medieval

Entre os anos de 1009 e 1021 começou a se assimilar as perseguições não somente o fato do fator religioso mas também o étnico, devido a ascensão islâmica ao sul e leste dos reinos cristãos.
Como resultado da destruição do Santo Sepulcro em Jerusalém pelos muçulmanos comunidades judaicas foram atacadas devido serem semitas, por populares em Orleans, Ruão, e Roma. Judeus que recusaram a conversão foram expulsos de Mogúncia sob o imperador Henrique II na primeira perseguição séria na Alemanha.

Roma foi golpeado por um terremoto e um vendaval na Sexta Feira Santa. Vários judeus foram detidos e acusados de terem metido um prego através duma hóstia no dia anterior, causando por isso o desastre natural. Sob tortura confessaram profanação de hóstia e foram mortos por cremação. Profanação de hóstia chegou a ser uma acusação muito difundida. foi muitas vezes piorada por rumores de que a hóstia sangrara. Para as incultas e supersticiosas massas, isso confirmava o dogma da Eucaristia. Estavam se iniciando os patamares para a inquisição católica.


As Cruzadas 1095 – 1099

Pintura retrata a conquista de Jerusalém pelos cavaleiros cruzados .


O papa Urbano II convocou para uma Cruzada da fé cristã contra os profanos pagãos turcos seljúcidas que dominavam então a Asia Menor. O duque de Lorena tentou juntar um exército para a Cruzada e para coletar mais recursos, espalhou o rumor de que iria matar os judeus para vingar a morte de Cristo. Os judeus da Renânia lhe pagaram 500 peças de prata como resgate, o mesmo exemplo terminou de forma trágica em Ruão onde estes Cruzados em sua marcha massacraram todos os judeus que encontravam por ali e de outras cidades na Lorena.  

O monge Pedro o Eremita em cruzada, montado em um burro (iluminura francesa, c.1270.)

Comunidades judaicas do então império germânico e principados supriram o exército de Pedro o Eremita, tentando assim evitar os ataques dos Cruzados. Estima-se que 10.000 judeus foram massacrados na França e na Alemanha.
Contingente de Pedro o Eremita, ou liderados por outros religiosos como Volkmar e Gottschalk lançaram-se em perseguições às comunidades judaicas dos locais.

O cavaleiro Volkmar chegou na Hungria com 10.000 homens para juntar-se ao exército de Pedro o Eremita. Atacou a comunidade judaica em Praga. O bispo Cosmo e líderes a cidade tentaram em vão para os massacres. Quando tentou atacar os judeus em Nitra, os húngaros vieram em sua defesa e derrotaram os cruzados. Gottschalk, um cavaleiro o exército de Pedro o Eremita, chefiou a seção sob seu comando, massacrando a comunidade judaica de Ratisbona.



O imperador Henrique IV. O soberano mandou que os cavaleiros o seu império não atacassem os judeus, mas na pratica fora um massacre. 


Emico de Leisinger com seu bando de milhares de Cruzados ignorou a ordem do imperador, começando uma campanha e terror contra os judeus. Em Speyer matou doze. O restante da comunidade foi protegido pelo bispo de Speyer que puniu alguns dos assassinos cortando-lhes as mãos. O conde Emico, então, moveu o seu bando a Worms e onde o bispo não podia proteger os judeus na sua diocese. 

O arcebispo de Mogúncia Ruthard tendo sabido das ações de Emico, recusou a entrada do grupo na cidade a 25 de Maio, ao mesmo tempo que a comunidade judaica local lhes ofereceu um tributo de ouro para comprar a sua segurança. As autoridades civis deram asilo sagrado aos judeus e fecharam as portas da cidade ao conde Emico, mesmo assim os soldados deste arrombaram as portas e ai que a violência atingiu o máximo, com pelo menos 1100 judeus mortos. 
Rota da Cruzadas popular.

Muitos dos habitantes do burgo, principalmente os comerciantes e o bispo, ofereceram abrigo aos seus vizinhos judeus (tal como aconteceu também em Praga), e juntaram-se à milícia do bispo e do burgrave para repelir incursões dos cruzados, mas deixaram de oferecer resistência à medida que os números destes aumentavam cada vez mais.Um judeu de nome Isaac foi forçado a se converter mas depois sentiu-se culpado por ter cedido, matou a sua família e imolou-se dentro de casa. Outra judia de nome Raquel matou os seus quatro filhos para que não fossem mortos pelos cruzados.

O exército do Conde Emico ataca Meseberg. Os cruzados entram em pânico quando várias escadas quebram com o peso dos soldados.

Dos principados germânicos os judeus vinham fugido. De colônia dois foram mortos e a sinagoga foi queimada. Quando os bandos moviam-se descendo o vale do Reno, uma estimativa e 12.000 judeus foram assassinados nas cidades ao longo deste rio. Bandos e tropas moveram-se pelo vale a Mosela, matando judeus no seu caminho. À comunidade judaica de Trier foi dada proteção pelo bispo, sob condição de conversão, dos quais muitos pelo terror acabaram batizados, mas a maioria se suicidou. Os que sobreviveram, antes dos ataques os Cruzados e Guilherme o Carpinteiro, executaram.


Cruzadosde Godofredo de Bouillon.

Os Cruzados sob Godofredo de Bouillon conquistaram Jerusalém em 1099. Invadiram a cidade santa massacraram todos muçulmanos e levaram os Judeus para dentro da sinagoga e os queimaram vivos. Foi um dia de terror. Em 15 de julho de 1099, milhares de guerreiros loiros entraram em Jerusalém matando adultos, velhos e crianças, estuprando as mulheres. Nenhuma pessoas que não fosse do exercito cruzado sairia viva naquele dia..

Incentivados pelos ataques coletivos aos judeus se tem registro do primeiro pogrom de judeus em Kiev. Em 1100 vários distúrbios os populares pilharam lares saquearam o bairro judaico.


O papa Urbano II em 1120 declarou que os judeus devem ser tolerados. Na sua convocação à nova Cruzada, falou favoravelmente sobre os judeus. Embora as Cruzadas fossem dirigidas contra os Islã na Terra Santa, os bandos, que se formaram marchando pelo país trouxeram incontáveis sofrimentos aos judeus pois, junto com os muçulmanos, eram vistos como inimigos da Cristandade.

Entre 1140 e 1146 o antijudaismo se espalharia para as ilhas britânicas onde se registram os primeiros crimes.  primeira acusação de assassinato na Inglaterra contra judeus relatada, ocorreu em Norwich,. Líderes judaicos foram mortos. 
Na França,  Pedro o Venerável de Cluny, tentou fazer voltar-se Luís VII  contra os judeus, para que assim, os coagindo, financiassem as novas Cruzadas.

Os atentados como estes se espalham em pontos diversos por todos os reinos centro ocidentais da Europa. O monge cisterciense Rudolf excitou a população local do burgo contra os judeus, isto se intensificou na França e Alemanha. O judeu Simão, o Pio de Trier, e uma mulher judia de Speyer foram mortos quando se recusaram a serem batizados, apesar de tentativas de autoridades civis e eclesiais para proteger os direitos dos judeus.

Bernardo de Claraval. Bernard of Clairvaux.

Massacres correram em Colônia, Worms, Speyer e Estrasburgo. Os arcebispos de Mogúncia e Colônia solicitaram Bernardo de Clairvaux que silenciasse o monge Rudolf, e a ordenar o povo a não molestarem os judeus. Como isso não tivesse efeito nenhum, Bernardo finalmente veio à Alemanha e mandou Rudolf de volta ao clausuro de seu mosteiro. Embora Bernardo se opunha ao matar os judeus, acabou por demonizá-los também ao convocar a Segunda Cruzada.


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Representação de uma aldeia eslava. Praticavam a agricultura, plantando especialmente centeio, trigo e linho.


São William de Norwich



OOs crimes de assassinato ritual  onde se afirmaram ter sido cometidos por judeus começaram a se espalhar pelas ilhas britânicas. Por ocasião da celebração da Páscoa judaica temos em Norwich, Inglaterra, um ritual tido como satânico onde as autoridades eclesiásticas afirmaram ter sido realizado por judeus, que confessaram(sob tortura e claro) o crime. Ocorreu no ano de 1137, aconteceu com um menino de doze anos de idade chamado William.

Ondas de Cruzados marcharam em 1147, eles saiam da Alemanha para o oriente médio e para os reinos eslavos da Europa oriental. No caminho oficialmente assassinaram 20 judeus em Würzburg, e em  Belitz, todos os judeus foram cremados.Sorte melhor não teveram os 150 judeus assassinados na Boêmia.

Novamente acusações de assassinatos rituais, se espalharam entre 1170 e 1188. Em Blois, na França, os boatos instigaram os populares a matar toda a comunidade judaica da região, esta composta de 34 homens e 17 mulheres. Todos foram torturados e queimados. Também a mesma acusação de assassinato ritual na Inglaterra em cidades como Bury, St. Edmund, o mesmo em Bristol e no ano de 1192 em Winchester.

Ricardo Coração de Leão.

Na ultima década dos anos 1100, na Inglaterra, quando Ricardo I foi coroado, populares atacaram a comunidade judaica em Londres e York. O novo rei puniu os desordeiros e permitiu aos judeus batizados à força retornar à sua fé.
O rei Ricardo era capaz de proteger os judeus contanto que estivesse no país. Quando o deixou para uma nova Cruzada, os agregados e auxiliares dos cruzados que ficaram na Inglaterra atacaram comunidades judaicas. Os bairros do Port of Lynn em Norfolk foram queimados e os judeus massacrados. Judeus de Norwich refugiaram-se no castelo real, a mesma sorte não tiveram em York  onde 1.500 judeus foram assassinados. A comunidade em Stanfort foi pilhada e os judeus que não alcançaram o castelo foram mortos.
As famílias judaicas em Londres tinham de pagar o triplo da importância que cidadãos cristãos ingleses tinham de pagar para o resgate de Ricardo coração de Leão após sua capitulação nas cruzadas.

Rei Filipe II

Na França, após 1190 a cidade de Bray foi cercada pelo rei Filipe. Os judeus tinham escolha entre batismo e morte levando toda a comunidade a cometer suicídio. Filipe queimou cerca de 100 judeus, e somente as crianças menores de 13 foram poupadas.

O presbítero, Fulk of Neuilly, que queria reformar a Igreja romana , pregou através da França inteira contra usura e exigiu que os usurários devolvessem os seus ganhos, como forma de penitencia, aos pobres. As populações usavam seus sermões para justificar os ataques a judeus. Os barões os usavam o mesmo discurso para expulsar os judeus dos seus reinos mandatarios e confiscar as suas propriedades.

Na Cruzada contra os albigenses (considerados como uma heresia cristã) em 1209, mais de 20.000 pessoas, inclusive toda a comunidade judaica, foram massacradas quando a cidade de Bezziers foi tomada de assalto.

As identificações

Depois do quarto Concílio de Latrão, a situação dos judeus não melhora, e estes passam à condição de servos da Casa Real.

No ano de 1215 se iniciaria para o judaismo com as primeiras formas de identificação. Estas se davam por marcações ou apetrechos em seu vestuário perante o mundo cristão. No quarto Concílio do Latrão, presidido pelo papa Inocêncio III, este ordenou que os judeus usassem um distintivo amarelo em forma de um anel. Isso era a primeira vez no ocidente que se exigiu dos judeus que se distinguissem do resto da população por seu vestuário. Dizemos no ocidente pois o Código de Omar, que fora decretado algo similar, muito antes no mundo islâmicos. Aos judeus não era permitido vestir os seus melhores roupas aos domingos ou andar em público em dias especiais como Páscoa.


A estes sinais distintivos de vestuário acrescentou-se depois o uso obrigatório de um chapéu pontiagudo, o "chapéu judeu".


O rei Henrique II em 1218 transformou esse decreto conciliar para um secular, ordenando a todos os judeus na Inglaterra usar um distintivo identificador de sua fé, em area visivel de suas roupa o tempo todo. No ano de 1222 durante o Concílio de Canterbury, os bispos ingleses emitiram uma injunção impedindo que cristãos vendessem provisões a judeus. Para neutralizar isso, o judiciário do rei, Hubert de Burgh, emitiu uma ordem que proibiu aos súditos do rei, sob pena de prisão, recusar-se a prover judeus com as necessidades da vida.


A "Santa" Inquisição


Uma cena medieval com judeus realizando sacrifícios religiosos, e furando com um prego uma Ostia.

Em 1021, Roma foi sacudida por um terremoto bem no dia da Sexta-Feira da Paixão. Em consequência, judeus foram presos e acusados de terem furado uma hóstia com um prego. Eles foram torturados e queimados em fogueiras. Isso fez com que o fanatismo do clero aliado a expropriação dos bens dos hereges para o fundo não tão comum da igreja católica, fizesse com que os lideres religiosos que censuravam os atos hostis mas faziam vistas grossas a violência mudassem sua opinião quanto a perseguição aos não cristãos...


A caça às bruxas da Santa Inquisição teve seu início no ano de 1184, em Verona, com o Papa Lúcio II.


O bode expiatório passaria a ser todos que agissem contra a Santa Se não importando se pagãos, muçulmanos, judeus ou mesmo cristãos como Hurritas, Arianos, coptas e ortodoxos.
Na visão da igreja, as seitas cristãs como assim chamavam todas que não eram a Católica eram Justificadas sua existência pelo fato do inimigo estar dentro das trincheiras da fé.. os Judeus. Eles eram considerados arautos do Islã dentro do mundo cristão... serviçais do demônio que mataram a cristo....tudo que dava errado era por influencia ou causa direta dos desviados da palavra de Deus.

O Papa Gregório IX e o estabelecimento da Inquisição.

O papa Gregório estabeleceu a Inquisição em 1231 como já dito, para contrabalançar muitas heresias cristãs que brotaram devido as maiores liberdades que aos poucos iriam sendo consentidas e que explodiria no renascimento nos países europeus. Provocaram a autoridade da Igreja Romana. A Inquisição, era para desarraigar estas heresias antes e que se espalhassem às massas. Tribunais, compostos pela maior parte e monges, serviam de polícia, prossecução, juiz e júri e as vezes como carrasco. Em geral as autoridades seculares executaram as torturas e queimações para os impenitentes hereges, pois os inquisidores queriam evitar derrame de sangue, agindo literalmente como Pôncio Pilatos.

O papa Gregório em 1232 reclamou aos bispos da região Alemã, que os judeus nestas terras estariam sendo tratados demasiadamente bem. Proibiu relações amistosas entre cristãos judeus,  e que estes vivessem separados, mesmo assim insistia que nenhum mal lhes fosse feito.


Inquisição judaica na Ibérica Cristã


No inicio da reconquista cristã quando soldados na sua marcha atacaram comunidades judaicas durante a guerra para expulsar os sarracenos da Espanha 1063, o papa Alexandre II preveniu os líderes franceses dos exércitos a não fazer mal a estes.
A calmaria duraria pouco tempo, mesmo sobre a boa fé dos primeiros. O poder da igreja entrava em ação, pois já em 1078 o papa Gregório VII decretou que judeus não pudessem ocupar cargos públicos ou ser superiores de cristãos. Em 1081, Afonso VI de Toledo,  foi repreendido pelo papa por apontar judeus em cargos de estado. Os judeus neste período tinham de pagar taxas extras para sustentar a Igreja.

Debate Rabino Moisés Ben Naleman e Pablo Christiani.

Um debate houve em Barcelona, Espanha, diante do rei Tiago I, nobreza, bispos e líderes monges. Rabino Moisés Ben Naleman teve de defender o talmude contra um judeu convertido, Pablo Christiani, que tentou provar a eficiência da Cristandade a partir do talmude. O rei Tiago ordenou apagar passagens do talmude, que eram objetáveis a cristãos em 1263. No ano de 1281 a maioria dos judeus espanhóis foram presos nas suas sinagogas num Sábado durante o mês de janeiro, depois foram soltos com a promessa de pagar uma grande importância de dinheiro de resgate.

Na Espanha em 1285, afora as extorsões financeiras os judeus foram forçados a ouvir sermões de conversão de monges nas suas próprias sinagogas. Fanáticos populares agrediram judeus contra as ordens das autoridades civis.Aos poucos as agressões aumentariam e por fim milhares de judeus foram assassinados por populares ao redor de Estella no ano de 1328, novamente devido ao fanatismo de um monge que pregou infamantes sermões antijudaicos.

Cena da Inquisição Judaica em Portugal.



Inquisição Judaica na Franca

No ano de 1236, as comunidades judaicas em Anjou ,Poitou, Bordeaux e Angouleme foram atacadas por cruzados. Cerca de 500 judeus escolheram a conversão forçada e mais que 3.000 foram assassinados por não renunciarem a sua fé. O papa Gregório IX, que originalmente convocara a Cruzada, ficou escandalizado sobre essa brutalidade, criticando o clero por não a prevenisse e por final até a estimulasse.

Em Paris, no ano de 1240, por ordem do papa Gregório IX, todas as cópias do Talmude tiveram de ser entregues às ordens dos franciscanos e dominicanos para serem examinadas mas que ao todo 24 carroções de cópias do talmude acabaram queimadas.. Essa foi a primeira queima oficial de escritos judaicos pela igreja católica.
São Luis em encontro com o Papa Inocêncio IV, em Lyon, 1248.

Parece que o decreto papal foi executado somente na França, e por isso o papa Inocêncio IV parou as confiscações e mandou devolver as cópias de talmude, embora não sem expurgar as passagens que pareciam objetáveis à Igreja. 

Sob Filipe IV, todos os judeus do seu reino, aproximadamente 100.000, foram presos em 22 de julho de 1306. Foi lhes dito que deixassem o país dentro de um mês. Não podiam levar senão suas roupas e provisões para um dia. Suas propriedades deixadas atrás foram usada por Filipe para reencher a tesouraria real, esta que tivera sido exaustada pelo seu feudo com o papa e sua guerra contra os flamengos.

Juramento de vassalagem de Eduardo I de Inglaterra a Filipe IV após a sua coroação, pelos territórios ingleses em França, a 5 de junho de 1286.

O rei Luis X chamou de volta os judeus que tinham sido expulsos da França no ano de 1315. Eles, em troca, puseram condições, que foram atendidas, mesmo assim outra vez tinham de usar distintivos.



O papa João II em 1320 ordenou a inquisição em Toulouse e em Perpignan, nestas cidades o talmude foi queimado. Durante a Cruzada dos Pastores, 40.000 pastores e camponeses marcharam de Agen a Toulouse, matando qualquer judeu que não era disposto a ser batizado. Em Verdun, 500 judeus fugiram a uma torre. Quando foram assediados, cometeram suicídio, no total 120 comunidades judaicas no sul da França e no norte da Espanha foram exterminadas.O bispo João de Dirpheim incentivou o massacre de judeus em Estrasburgo no aniversário da Conversão de S. Paulo em 1338.


O bispo de Estrasburgo, João de Dirpheim, inquiriu todos os judeus da região de Sulzmatt e Rufach na Alemanha, por acusação de profanação de hóstia. Foram queimados vivos em 1308.
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Inquisição Judaica na Inglaterra

Livros judaicos e o talmude foram apreendidos também na Inglaterra,ocorrendo também cremação de livros. Em Londres, no ano de 1244 grupos de judeus foram acusados de assassínio ritual e como fiança foram taxados com uma alta importância de dinheiro. Quanto a acusação de assassínio ritual, esta chegou a ser muito difundida, fonte e causa de muitas atrocidades. Por isso o papa Inocêncio ordenou uma investigação das acusações, chegando a conclusão de que nada mais era que uma invenção antijudaica.

Hugh de Lincoln

Uma das acusações de assassinato ritual se referia ao pequeno S. Hugo de Lincoln. O corpo foi descoberto numa fossa sanitária perto da casa de uma família judaica em 1255. Sob tortura obviamente um dos judeus confessau que Hugo tivera sido assassinado para um ritual. O rei Henrique III ordenou seu enforcamento depois de arrastado vivo pelas ruas, atado num cavalo. Um grupo de 100 judeus fora levados a Londres para  julgamento. Destes, 18 foram enforcados sem processo, 02 foram perdoados e um absolvido.


O Período de 1261 e 1264 fora o apse das perseguições na inglaterra, estas toleradas pelos mandatários, á grupos judaicos. Alguns estudantes, juntamente com presbíteros e monges de Canterbury atacaram o bairro judaico enquanto a população saqueava a seção judaica de Londres. Oito anos depois, em 1272, a sinagoga principal de Londres foi fechada.Há razão apresentada e de que o canto e orações judaicas pertubavam a devoção dos monges na vizinhança. Os judeus tinham de reunir-se em casas particulares, mas até isso era restrito por ordem do bispo de Londres.

Os judeus da Inglaterra, 1272-1290.

O Statutum Judeismo criado no ano de1275 foi aplicado na Inglaterra sob o rei Eduardo I. A lei proibiu os judeus a cobrarem juros, restringiu a área onde pudessem viver, mandou judeus, a partir de sete anos, a usar o distintivo e exigiu que os acima de doze pagassem uma taxa anual na Páscoa. Mas a lei permitiu também que judeus, pela primeira vez, arrendassem terra para lavoura e se tornassem comerciantes e artesãos.

No ano de 1278, o rei Eduardo I os judeus de moedeiros, de acumular lucros dos juros, e autorizou buscas de casa a casa por todos os condados em qualquer lugar que fosse pela Inglaterra inteira. Mediante estas novas campanhas antissemíticas, cerca de 680 judeus foram jogados da Torre de Londres. Muitos foram enforcados e tiveram sua propriedade incorporada pela coroa.

Em 18 de julho de 1290, o rei Eduardo I, em Concílio, implementou um ultimato, que enviou a todos os judeus de seu reino. Sob pena de morte caso desobedecessem, eles teriam de deixar o país até o dia primeiro de novembro do mesmo ano. Nem todos conseguiriam sair a tempo da efetivação legal.

Inquisição judaica na Europa Centro-Oriental

Os judeus tinham de usar chapéus com chifres, chamados de pileum cornutum.

Em 1267 o Sínodo de Viena decretou que cristãos fossem proibidos a atender cerimônias judaicas. Judeus eruditos foram proibidos a discutir com cristãos simples. Os judeus tinham de usar chapéus com chifres, chamados de pileum cornutum. As pessoas realmente criam que os judeus tinham cornos que estavam escondendo embaixo desses chapéus, sendo filhos do diabo omo achavam. Tomas de Aquino (1226-1275) disse que os judeus não poderiam ser tratados como vizinhos, mas deveriam viver em perpétua servidão.


Sinagoga Staronová em Praga, foi construída em 1270, sendo a mais antiga da Europa. Judeus foram massacrados por toda a Alemanha neste ano. Cidades como Weissenberg, Magdeburg, Sinzig, Erfurt entre outras. Em Sinzig, a comunidade foi trancada na sinagoga no dia do Sábhat e queimada viva.


Na Polônia em 1280, autoridades civis tentaram atrair judeus, e com eles suas finanças e a pratica da usura, que era proibida aos cristãos, mas não aos hebreus.Estabelecendo a vida judaica numa base racional, em todo o reino, mas, mesmo assim a Igreja insistiu que os judeus ficassem isolados do resto da população. O Sínodo de Buda introduziu o distintivo judaico quase como o conhecemos na atualidade.

Entre os anos de 1283 e 1285, foram metódicos os ataques a judeus. Dez judeus foram assassinados por populares em Mogúncia, depois de terem sido acusados de assassínio ritual( o de praxe). Ao todo cerca de 26 judeus foram mortos como resultado duma acusação de assassínio ritual em Bacharach. Outros 40 judeus foram assassinados depois duma acusação de assassínio ritual em Oberwesel. Em Munique, 180 judeus foram queimados vivos na sinagoga local depois duma acusação de assassínio ritual no ano de 1298.

Em cerca de seis meses queimou e massacrou um número estimado de 100.000 judeus em cidades como Würzburg, Ratisbona, Nuremberga, Augsburg, Heilbronn e Rottingen.

Severas repercussões tomaram lugar na Francônia, Bavária e na Áustriano ano de 1298, quando um nobre alemão, de nome Rindfleisch (era chamado de Judenschlächter, na tradução literal, o açougueiro de judeus). Este nobre juntou um pequeno exército e começou a matança sistemática de judeus indo de cidade em cidade. Em cerca de seis meses, ele queimou e massacrou um número estimado pelos historiadores e cronistas contemporâneos em cerca de 100.000 judeus por mais de 140 comunidades.medievais.



Da Peste Negra ao Final da Idade Média


Ideia de que judeus envenenavam poços cristãos causou terror e perseguição na Idade Média

Em 1348 a "peste negra" (peste bubônica) se alastrava pela Europa, dizimando um terço da população do continente. Os judeus foram acusados de envenenar as fontes de água, causando a epidemia.
O papa Clemente VI expediu uma bula em que declarava todos os judeus eram inocentes dessa acusação, mas não foi possível impedir que, em quase todas as localidades nas quais havia uma comunidade judaica, irrompessem "pogroms" contra os judeus.

. Na França, Espanha e Suíça, judeus foram assassinados porque o povo cria que estes teriam envenenado os poços, se não o fizeram ainda, pretenderiam isto fazer. O papa Clemente VI exortou o clero a proteger os judeus e até excomungou assassinos. Mas os populares não podiam ser retidos, então ao todo 10.000 judeus foram assassinados por ordas populares de poloneses nas cidades fronteiras da Alemanha. Mesmo com a proteção real dada pelo rei polonês kasimir(Casimir). O prefeito de Estrasburgo, Konrad von Winterthur, junto com outras autoridades, defendeu os judeus contra os ataques de populares e as acusações dos clérigos e do próprio bispo. Os conselhos de outras cidades tentaram o mesmo.


São frequentes os relatos de massacres de judeus,  que foram acusados de serem os causadores da peste. Foram exterminadas numerosas comunidades judaicas na Europa


Em geral os judeus tinham hábitos higiênicos bem mais eficazes que as comunidades cristãs, onde um simples banho poderia se anual, para não tirar a proteção de Deus sobre a pele. Viviam em grupos coesos e isolados, mesmo dentro das urbes medievais, alimentação mais adequada e controlada. Isto os fazia adoecer menos e como efeito a caírem na desgraça dos cristãos que os tinham como causadores dos sofrimentos.


A comunidade judaica da Basileia em 1349 foi queimada morta numa estrutura especialmente construída. 

O nascimento germânico do Ódio ao judaísmo


Visão popular dos judeus ultrajando Cristo. Kremsmünster, séc. XIV

Entre os Anos de 1345 e 1356 os ataque continuavam, mesmo que diminuíssem de intensidade pela morte em massa dos agressores. Nos reinos alemães cerca de 2.000 judeus pereceram em Estrasburgo e em Worms, 400 judeus foram queimados vivos.
Para evitar o pior das torturas e humilhações em Oppenheim, os judeus queimaram-se a si mesmos, e o mesmo exemplo fora seguido em Frankfurt. Na Mogúncia, 6.000 judeus foram queimados vivos, quando a população pôs fogo nas suas casas. Em Erfurt e em Breslau a comunidade judaicas somadas em mais de 3.000 almas foi massacrada. Todos os judeus pereceram, até mulheres e crianças


Judenbühl

Em Viena, os judeus cometeriam, como nas outras localidades já comentadas, o suicídio. Foram aconselhados por seu rábino, também para evitar tortura entre outras atrocidades. As comunidades judaicas de Augsburg, Würzburg e Munique acabariam por serem destruídas. Em outras regiões eles foram simplesmente expulsos, lancados a própria sorte como em  Heilbronn, e os de Nuremberga, destas eles conseguiram fugir.Já os que foram para  Königsberg foram massacrados. Grandes levas de judeus infelizmente  foram queimados vivos, num lugar que desde então é conhecido como Judenbühl. 


Quando a peste voltou outra vez na Franconia no ano de 1357, os judeus foram outra vez incriminados de terem envenenado os poços e alimentos novamente. A peste, também chamada a Morte Negra, matou milhões. Durante esse tempo, o mito de conspiração judaica que dizimou grande parte da Europa era proeminente na memoria fictícia européia. Um mito esse que, apesar das suas absurdidades, continua sendo acreditado por muitos, até hoje!


Pós Peste Negra
Cerca de 12 000 judeus foram massacrados na cidade de Toledo.

Quando a guerra civil na Espanha cristã entre os anos de 1366 e 1369, ocorria entre os reis Pedro e Henrique de Trastamora, muitos judeus foram massacrados por mercenários empregados por ambos os lados. Mesmo apos os conflitos vários grupos judaicos seriam assassinados entre os anos de 1384 e 1410,  no apse do antissemitismo Ibérico .

Em Nördlingen todos os judeus foram massacrados. No ano de 1389 grupos de camponeses assassinaram milhares de judeus em Praga.


No ano de 1399 em Posen, Polônia, um rabino e 13 anciãos da comunidade judaica foram lentamente queimados à morte, acusados de terem apunhalado a hóstia e a jogado numa cova. Rumores circularam que a hóstia teria sangrado, o que, naturalmente, confirmava o dogma da Eucaristia. Dois anos depois em Schaffhausen na Suíça, foram queimados vivos 48 judeus.

Uma bula papal editada entre 1427 e 1429 pelo papa Martinho V, proibiu os capitães do mar de transportarem judeus à Terra Santa. No entanto, numa outra bula, o papa exigiu a proteção dos judeus, estabelecendo direitos da comunidade, entre estes permitindo aos judeus estudarem em universidades.Uma acusação de assassínato ritual em 1431 levou à destruição de comunidades judaicas alemãs nas cidades de Ravensburg, Überlingen e Lindau. Isto levaria um ano mais tarde á expulsão de os judeus da Saxônia.

O Concílio de Basileia (1431-7).
Entre os anos de 1431 e 37 ocorreu o Concílio de Basileia, e este determinou que os judeus tinham de viver separados dos cristãos. Desse modo surgiram em muitas cidades os bairros judeus, mais tarde chamados de "guetos". Durante o concílio em 1434, presidido pelo papa Eugênio IV, revogou as liberdades que Martinho V tinha conferido ao povo judaico. Os judeus seriam obrigados a viver em bairros separados das cidades, atender sermões de conversão e não tinham permissão de frequentar as universidades. Fora viver separados, no ano de 1443 os judeus de Veneza tinham de usar o distintivo amarelo para identifica-los como tal.Este se perpetuaria até a idade contemporânea.

 Visão do gueto de Roma quando o rio Tibre subia.

A Cruzada contra os cristãos Hussitas na Boêmia e Morávia, organizada em 1422, causaram muito mal a comunidades judaicas. Na sua marcha a Praga, o exército do imperador alemão Segismundo, juntamente com mercenários holandeses, destruiu comunidades judaicas inteiras ao longo do rio Reno, como na Turíngia e na Bavária, tudo para vingar o insultado Deus dos cristãos.

Gravura da Revolução Hussita-Jan Rokycana entregando mensagem de Praga a Jan Zizka, em 1424.

O papa Nicolau V, numa bula de 1451, confirmou as velhas exclusões de judeus da sociedade cristã e de todas as profissões tidas por ele como honestas. João de Capistrano foi apontado pelo papa para orientar a Inquisição dos judeus. Nos seus sermões repetia as acusações de assassínio ritual e profanação de hóstia, o que levou a perseguições na cidade de Breslau sob o rei Ladislau da Silésia polonesa.

São João de Capistrano 

O exército polonês, Ordem Teutônica, prussianos e o clero, foram incitados pelos sermões de Capistrano na Polônia. Este culpava a tolerância Real para com os judeus, pela calamidade que ocorriam em seus reinos. Por fim, os direitos judaicos foram retirados em 1454 e massas de populares atacaram comunidades judaicas.

Tropas polonesas em marcha à Cruzada de 1457 contra os turcos que poucos anos antes aviam tomado Constantinopla, como outras o fizeram, atacaram os judeus, no caso os de Cracóvia, atando cerca de 30 pessoas em sua ira.


Da inquisição aos “Novos cristãos espanhóis e a reconquista Ibérica”

A diáspora judaica no velho mundo da destruição de Jerusalém a expulsão da Espanha pelos reis Católicos.

Em 1391 a Inquisição virou-se contra os judeus que se tinham convertido à Cristandade nos reinos ibéricos. Em muitos casos, estes continuaram secretamente praticar o Judaísmo, sendo por isso considerado heréticos. Por toda a Inquisição na península, um número estimado e 50.000 judeus foram mortos, e outros 160.000 batizados à força. Em muitas cidades da Espanha, sinagogas e mesquitas foram transformadas em igrejas, e comunidades judaicas sofreriam terríveis perseguições. Depois que cerca de 300 judeus foram assassinados ou cometeram suicídio em Barcelona, outros 11.000 se permitiram o sacramento do batismos. Ficando conhecidos como os Marranos, como veremos no terceiro tomo.

No ano de 1407 os fogosos sermões do monge e reformador Vicente Ferrer causaram opressivas ações contra os judeus na Espanha e agressões de populares. É creditado com 20.000 forçados batismos em Castela e Aragão.

Dom Fernando de Aragão convocou debates em Tortosa realizados entre 1413 – 1415. Estes foram imaginados para facilitar a conversão judaica à Cristandade. Os líderes judaicos de Aragão foram forçados a debater com um judeu convertido, Jerônimo de Santa Fé. As disputas prolongaram-se por um ano e nove meses, com resultados negativos para as comunidades judaicas.
Papa Martinho V

Oddo Colonna foi eleito como Papa Martinho V, acabando com o Grande Cisma da igreja do Ocidente. O clérigo e os reis espanhóis restauram direitos judaicos em 1419. Como prova de boa vontade  o direito de uso das sinagogas e cópias de Talmude são-lhes devolvidos. Mas este ato verdadeiramente cristão, durou pouco mais de meio século, pois em 1492, todos os judeus foram expulsos da Espanha católica e mais tarde de Toda Península Ibérica. Este novo êxodo é imposto, custaria a vida de muitos inocentes na fuga junto com os Mouros. Fora varrido dos países da reconquista a etnia e influencia semítica de árabes e judeus, e com ela muitas das inovações que foram obtidas pelos muçulmanos na área da tecnologia e ciências e com os Judeus em áreas como medicina, economia e diplomacia.  


Ossadas judaicas em uma vala comum em Portugal

A era moderna se iniciaria com o beneficiamento de novos impérios com estes seus novos cidadão...os sobreviventes do massacre da intolerância de uma igreja cristã que estava se fragmentando. Turcos, holandeses e posteriormente os Ingleses evoluiriam, um século depois as potencias ultramarinas lusitana e espanhola cederiam lugar as companhias das Índias Orientais e Ocidentais e de Viena para o sudeste europeu todos os reinos se tornariam vassalos dos mandatários turcos. Coincidências as parte o estremo oeste europeu cairia em forca e prestigio mesmo com as enormes riquezas obtidas nas Américas.